A desconfiança tem muitas justificativas, a principal delas, de que o presidente não crê no que divulgou como pedido de desculpas. O verdadeiro Bolsonaro não honra as instituições democráticas, está disposto, sim, a desrespeitar decisões judiciais e tem um plano bem definido de dar um golpe se perder as eleições de 2022 para continuar no poder. Qualquer palavra contrária a isso é mentira.
A perspectiva é de que, com o inquérito das fake news conduzido por Alexandre de Moraes, do STF, avançando, o presidente voltará a subir o tom e tentará pular mais casas no seu propósito de minar o regime democrático. Bolsonaro já foi avisado de que as investigações conduzidas pela Polícia Federal sobre o esquema de financiamento dos atos radicais e dos grupos que os executam estão numa etapa decisiva.
Há dados contundentes sobre de onde vem e como é gasto o dinheiro arrecadado para atacar as instituições e disseminar mentiras e o ódio. A medida que essas informações forem se tornando públicas e mais aliados do presidente sejam presos, Bolsonaro soltará toda a sua ira. Não haverá intermediação de Michel Temer que consiga segurar o presidente acuado, com as crias correndo risco de prisão.
Bolsonaro, no fundo, não está nem um pouco disposto a conciliações. Ele odeia quem preza pela democracia. Acredita que é escolhido por Deus para promover uma grande virada no Brasil, em que mulheres, gays, pretos e pobres não terão vez.
Neste momento, de forte comoção e por estar emparedado, Bolsonaro se apegou ao bom senso de Temer. Mas quem fala mais alto é o grupo de malucos que o alimenta de teorias conspiratórias. A contagem regressiva já começou.
Brasília, 20h09min