“Não há nada que justifique um aumento de quase R$ 1. É mais do que o dobro da elevação de impostos”, diz a dona de casa Suely Carvalho, 48 anos. “Além de sermos obrigados a arcar com o aumento de tributos, temos que arcar com a ganância dos empresários”, acrescenta. “Esses abusos têm que ser combatidos pelo governo. É obrigação”, emenda.
O motorista José Carlos Martins, 37 anos, lembra que os preços dos combustíveis só caíram no Distrito Federal depois de uma intervenção da Polícia Federal, do Ministério Público e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). “Então, chegou a hora de intervir de novo. O que estamos vendo é inaceitável”, destaca.
O governo ressalta que os preços dos combustíveis são livres. Alega que os baixos valores que vinham sendo praticados nas bombas dos postos decorriam da forte concorrência, e essa competição deve prevalecer. Para técnicos, os abusos serão corrigidos ao longo do tempo.
Os consumidores não acreditam. “Os donos de postos sempre se mostraram gananciosos. Eles vão continuar metendo a mão no bolso dos motoristas”, afirma a psicóloga Andreia Conforti, 37. “Não creio que o governo tenha força para enfrentar os donos de postos”, assinala.
Dentro do governo, apesar de todas as justificativas de que não havia outra alternativa, reconhece-se que a equipe econômica mexeu em um barril de pólvoras ao elevar os preços dos combustíveis. O desgaste político está sendo enorme. O presidente Michel Temer, no entanto, acredita que a população acabará compreendendo e aceitando os reajustes.
Em meio aos abusos cometidos por boa parte dos postos, é possível, contudo, encontrar a gasolina a preços ainda reduzidos. Na Asa Norte e em Taguatinga, por exemplo, há estabelecimentos vendendo o litro da gasolina abaixo de R$ 3. Mas isso deve acabar logo, pois a Petrobras já avisou que todo o combustível que sair hoje das refinarias já embutirá o aumento de impostos.