Foto: Ed Alves/CB/D.A Press
A reunião do Conselho começou na segunda-feira (14/01) e foi retomada nesta terça, mas não trocou as cartas que estavam marcadas. Funcionários da companhia estão indignados com o fato de o dono do PSD continuar interferindo politicamente na estatal, contrariando o discurso do presidente Jair Bolsonaro de que a era dos “amigos do rei”, do toma-lá-da-cá e das indicações políticas tinha acabado.
Segundo comunicado da empresa ao qual o Blog teve acesso, pelo novo Estatuto Social, houve alterações na estrutura, mudando a denominação de vice-presidência para diretoria, “conforme adotado por outras empresas estatais federais”. No lugar de oito vice-presidências, a empresa passará a ter seis diretorias: 1) Operações, 2) Negócios, 3) Gestão Estratégica, 4) Administração, 5) Governança, Compliance e Segurança e 6) Gestão Estratégica de Pessoas.
“A nova estrutura só será implantada após a aprovação do novo Estatuto Social dos Correios pela Assembleia-Geral da empresa. Enquanto isso, o vice-presidente de Operações, Carlos Fortner, responderá também pela vice-presidência de Negócios Públicos (VINEP), pela vice-presidência de Canais (VICAN) e pela vice-presidência Comercial (VICOM).
O vice-presidente de Finanças, Sérgio Neves Moraes, responderá pela vice-presidência de Tecnologia (VITEC), e o vice-presidente de Administração, Jovino Filho, pela vice-presidência de Gestão Estratégica de Pessoas (VIGEP). Foram destituídos os vice-presidentes de Negócios Públicos, de Canais, Comercial, de Gestão Estratégica de Pessoas e de Tecnologia”, informa o comunicado.
Aproveitando a vitória de Jair Bolsonaro nas urnas, em outubro do ano passado, Kassab mudou a presidência dos Correios e colocou o general do Exército Juarez Cunha, que assumiu o cargo em novembro, substituindo Carlos Fortner, fiel escudeiro do ex-ministro. Cunha, por sua vez, é muito próximo do vice-presidente, Hamilton Mourão, cujo filho foi promovido no Banco do Brasil após a mudança de governo, o que facilitou a interlocução do dono do PSD com o novo governo.
Com essa modificação da estrutura dos Correios, os nomes com perfil técnico da empresa foram destituídos de seus respectivos cargos, segundo uma fonte da companhia. Fortner, Moraes e Jovino Filho são nomes ligados a Kassab e eles continuarão comandando suas respectivas diretorias. Ou seja, incluindo o atual presidente, o ex-ministro é responsável pela indicação de quatro dos sete novos dirigentes da estatal.
Um dos casos que mais chamou a atenção dos funcionários foi a indicação de Fortner, ex-presidente dos Correios, para a vice-presidência de Operações e outras três vice-presidências até a mudança da estrutura. Ele comandará a diretoria de Operações, área que não tem a mínima familiaridade, segundo fontes da empresa.
Outros três nomes dos novos diretores indicados pelo atual presidente, Heronildes Eufrásio Filho (Gestão de Pessoas), coronel Artur Solon (Compliance) e Alex do Nascimento (Comercial) ainda precisam ter seus respectivos currículos aprovados pela Casa Civil. Segundo informações de funcionários da estatal, há uma disputa grande pela diretoria Comercial. Fortner ainda tenta influenciar no comando dessa diretoria e trabalha para derrubar a indicação de Cunha, Alex do Nascimento, para colocar mais um nome do PSD.