Hélio Magalhães, presidente do Conselho de Administração, José Guimarães Monforte, Luiz Serafim Spinola Santos e Paulo Roberto Evangelista de Lima se manifestaram depois de uma reunião extraordinária na qual criticam o processo de escolha do presidente do Banco do Brasil. Para eles — Magalhães e Monforte foram indicados pela União e Spinola e Lima, pelos acionistas minoritários —, a escolha do presidente do BB não pode ficar restrita ao presidente da República, deve ter o aval do Conselho.
Esta foi a terceira vez que os representantes do Conselho se manifestaram publicamente contra o processo de mudança na presidência do Banco do Brasil. E não pouparam Fausto Ribeiro, que deve ser nomeado oficialmente nesta quinta-feira (01/04) por meio de decreto presidencial a ser publicado em edição extra do Diário Oficial da União. Os conselheiros não poupam críticas a Ribeiro, o qual classificam como despreparado para o cargo.
Para os conselheiros, Ribeiro “não percorreu ainda todas as etapas de funções gerenciais” desejáveis para comandar a maior instituição financeira do país. “Ao trazer à baila a Política de Indicação e Sucessão, observa-se que o ora indicado, sem qualquer demérito ao profissional e à sua carreira de 33 anos no BB, não percorreu ainda todas as etapas de funções gerenciais, o que não significa dizer que, ao vir a fazê-lo, não poderia se colocar em nível de prontidão para assunção de novos desafios futuros”, dizem.
E vão além: “Ferramentas para tanto existem, a exemplo do Programa Dirigentes, criado a partir de metodologia da consultoria global Korn Ferry, e que tem por objeto a identificação do nível de prontidão e preparação dos talentos da organização para o adequado planejamento sucessório para a alta liderança do Banco do Brasil, as quais poderiam ter sido chamadas a contribuir em momentos como esse de sucessão da Presidência da instituição.”
Ribeiro está sendo alçado à presidência do Banco do Brasil depois de comandar a BB Consórcios. Ele já avisou às pessoas mais próximas que fará profundas mudanças no comando da instituição, que ficará mais alinhada aos planos de governo. Com isso, serão enterradas iniciativas como a privatização do BB e a de venda de ativos, como a BB DTVM, projetos defendidos pelos atuais integrantes do Conselho de Administração.
As críticas dos conselheiros, que repercutiram mal dentro do Banco do Brasil, constam de ata de reunião extraordinária realizada na noite de quarta-feira (31/03), depois de o Comitê de Pessoas, Remuneração e Elegibilidade do banco ter assinalado que Fausto Ribeiro atende os requisitos necessários para assumir a presidência do BB.
Para os conselheiros que tentam desqualificar Ribeiro, ainda que a escolha do presidente do Banco do Brasil seja uma atribuição do presidente da República, é preciso destacar que há “legislação e interpretações mais avançadas para o tema, cuja aplicação, em não sendo possível no caso concreto, deve, contudo, ser perseguida pelos guardiões das boas práticas de governança corporativa”.
Afirmam, ainda, que entidades como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) recomendam que os conselhos das companhias públicas tenham “competência e objetividade necessárias para realizar as suas funções de orientação estratégica e monitoramento da gestão”, o que inclui o poder de indicar e destituir os presidentes das empresas.
Brasília, 09h34min