“Como respeitar um presidente assim”, perguntam servidores

Publicado em Economia

De volta ao trabalho, depois do feriado prolongado de carnaval, os servidores públicos não falavam de outra coisa que não fosse o vídeo postado nas redes sociais pelo presidente Jair Bolsonaro mostrando uma pessoa passando o dedo no ânus e, depois, abaixando a cabeça para que um homem urinasse nela.

 

“Como respeitar um presidente assim”, se perguntavam os servidores, atônitos com a falta de bom-senso de Bolsonaro. O vídeo, filmado em um bloco em São Paulo, foi postado pelo presidente na terça-feira de carnaval, 5 de março, como forma de desqualificar a folia diante do grande número de protestos contra ele.

 

A hashtag #Bolsonarovaitomarnocu liderou por um bom tempo os trends topics do Twitter e foi a frase mais pronunciada nos blocos. Na avaliação de Bolsonaro, ao mostrar cenas chocantes sobre o carnaval, conseguiria criar uma cortina de fumaça em torno dos protestos contra ele. É uma tática de guerrilha virtual que ele sabe usar bem.

 

Golden shower

 

O estrago para a imagem presidencial, no entanto, foi enorme. Na Esplanada, dos porteiros aos ministros, todos estavam estupefatos com a postagem de Bolsonaro, que não se intimidou. Logo na manhã desta quarta-feira, 6 de março, ele soltou uma nova mensagem no Twitter com a seguinte pergunta: “O que é golden shower?”, uma prática sexual nada convencional.

 

O certo, segundo funcionários de carreira que já viram muitos presidente chegarem e irem embora, é que Bolsonaro encolheu depois dessas mensagens. Mesmo que tenha recebido apoio nas redes sociais dos mais fanáticos, ele se desgastou muito tanto dentro do governo quanto no Congresso, onde precisa de um ativo importante, a credibilidade, para fazer andar projetos importantes de interesse do governo, como a reforma da Previdência.

 

Bolsonaro, destacam os servidores, deveria ter mais respeito pelo cargo que ocupa. Envolver-se em polêmicas desnecessárias nas redes sociais é muito ruim. Mas ampliar essas polêmicas com vídeos escatológicos, incompatíveis com a Presidência da República, é pior ainda.

 

Brasília, 13h49min