Com trapalhadas do governo, economia afunda e desemprego aumenta

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O governo já está ciente de que a economia vai decepcionar neste ano. A euforia que se viu após a eleição de Jair Bolsonaro, que impulsionou os índices de confiança de empresários e consumidores, minguou por completo. Na melhor das hipóteses, o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá 1% neste ano, repetindo o desempenho pífio de 2017 e 2018. Para os trabalhadores, notícia pior não há. Em vez de cair, a tendência do desemprego é de aumentar.

Não há dúvidas de que boa parte da culpa pela forte desaceleração da atividade se deve ao Palácio do Planalto. Esperava-se que, empossado, o presidente Jair Bolsonaro conduzisse uma pauta positiva, voltada ao estímulo da produção e do consumo. Ele, porém, optou por priorizar a agenda de costumes, numa tentativa de dar uma satisfação a seus eleitores e, sobretudo, manter a popularidade em alta. Errou feio. Seus índices de aprovação caíram na mesma proporção que a economia perdeu força. É muito provável que o PIB do primeiro trimestre seja negativo. Um desastre.

Nos últimos dias, para tentar se antecipar ao resultado do PIB trimestral, que será divulgado em 30 de maio pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o governo levantou a possibilidade de anunciar medidas de estímulos à atividade, como a liberação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do PIS-Pasep. É um discurso de quem não tem um projeto consistente para apresentar. Essas ações paliativas foram usadas pela finada administração de Michel Temer, o segundo ex-presidente preso, com impacto limitado. Tanto que a indústria e o varejo estão em contração.

Os defensores do governo dizem que a fragilidade da economia se deve à demora do Congresso para aprovar a reforma da Previdência. Isso teria minado a confiança de empresários e investidores. Em parte, é verdade. Mas o que realmente nublou o horizonte foi o comportamento desordenado do Planalto. Desde 1º de janeiro, houve uma sucessão de trapalhadas, que explicitou uma administração sem projetos, dominada pelo viés ideológico, sem base no Congresso e sem disposição para o diálogo. A fatura não demorou muito a aparecer.

Felizmente, ainda há tempo para mudar os rumos do país, principalmente, da economia. Desde 2014, o Brasil não sabe o que é crescimento econômico. A taxa de desemprego, que estava abaixo de 5% naquele período, já se encontra próxima de 13%. Não são medidas populistas que reverterão esse quadro dramático. O país precisa de uma liderança comprometida com ações que coloquem a atividade nos trilhos, tirem a indústria da ociosidade, permitam que os trabalhadores tenham oportunidades, incrementem a renda e o consumo.

É esse o Brasil que todos desejam. Não um país em estado de perplexidade, em que a idiotice de um guru presidencial dê a tônica das decisões que afetam mais de 200 milhões de pessoas. Se o governo continuar se pautando pelas redes sociais, pode começar a cavar o túmulo que levará novamente à recessão. Neste momento, não dá nem para contar com o bom desempenho da economia mundial, que apresentará desempenho muito desigual. Passou da hora de se tomar juízo.

Brasília, 10h44min

Vicente Nunes