HAMILTON FERRARI
O dólar atingiu R$ 4 no início da tarde desta terça-feira (21/8), com alta de mais de 1%. A cotação da moeda norte-americana aumenta pelo quinto dia consecutivo. O mercado financeiro não acordou de bom humor. Com as pesquisas eleitorais divulgadas nesta segunda-feira (20/8) entre os candidatos à Presidência da República, os analistas não veem uma guinada de candidatos comprometidos com o ajuste fiscal.
Pelo contrário, a iminência de que Fernando Haddad (PT) esteja no segundo turno é a principal preocupação dos investidores. Isso porque o potencial de crescimento do petista é alto. Na pesquisa Ibope, ao avisar aos entrevistados que Haddad será o “Plano B” do partido, e, consequentemente, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 13% afirmaram que “com certeza” votariam nele, enquanto 14% alegaram que poderiam votar, aumentando as chances do petista no segundo turno. Por enquanto, ele caminha com 4% dos votos.
“Os juros seguiram essa tendência e os futuros estão com alta de 15 pontos. A nova esticada da curva longa sinaliza o aumento da percepção de risco, que saiu de 220 pontos no início do mês, para os atuais 247 pontos”, disse Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Investimentos. “Essa mudança nos preços reflete o cenário sem Geraldo Alckmin (PSDB) no segundo turno”, completou.
O tucano é o preferido do mercado para o Palácio do Planalto. Ele corre com 7% das intenções de voto, em um cenário sem o ex-presidente Lula, segundo o Ibope. Com o dólar encostando em R$ 4, os investidores ainda são céticos em ver Alckmin “deslanchar”. Às 12h, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), caia 0,91%, cotado a 75.668 pontos.
O economista e diretor executivo da NGO Corretora, Sidnei Moura Nehme, declarou que, em período pré-eleitoral, os fatores externos têm importância secundária no comportamento dos ativos e que a volatilidade ocorre por conta de dúvidas e incertezas no cenário interno.
“O tripé economia-política-justiça provoca um imbróglio de alta complexidade que vem acentuando, ainda que tardiamente o humor do mercado”, alegou Nehme. “O dólar, indicador mais sensível aos momentos adversos, repercute isso de forma mais intensa, revelando tendência de valorização frente ao real num momento e que o seu índice internacional cede ante as principais moedas mundiais”, acrescentou.
A assessora financeira Daniela Casabona, da FB Wealth, declarou que o cenário ainda é incerto. “Mesmo com as pesquisas anteriores e até a presente realizada não temos ao certo um candidato realmente forte. Esse cenário desfavorece a estabilidade do mercado, pois gera muita insegurança para a economia e no olhar dos mercados externos, que são grandes investidores do Brasil”, afirmou.
Brasília, 12h03min