Com Selic a 13,75%, Brasil lidera ranking global de juros reais

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ROSANA HESSEL

O Banco Central manteve, nesta quarta-feira (1º/2), a taxa básica da economia (13,75%) pela quarta reunião consecutiva do Comitê de Política Monetária (Copom). Com isso, o Brasil continua liderando o ranking global com a taxa de juros real (descontada a inflação), conforme levantamento feito pela Infinity Asset Management, considerando uma projeção da inflação para os próximos 12 meses.

No ranking global de 40 países elencados pela Infinity, o Brasil manteve-se em primeiro lugar, com taxa de juro real de 7,37% ao ano, seguido por México e Chile que completam o pódio com taxas anuais de 5,53% e 4,71%, respectivamente.

“Observou-se uma redução das pressões de inflação global, perdendo força em parte das medidas, dadas as retomadas dos embarques industriais na China, que ajudaram a desinflação – especialmente em emergentes – e relativa estabilidade da questão russo/ucraniana, com redução da pressão de energia, mas continua ainda em alimentos e serviços na Europa e no mercado de trabalho nos Estados Unidos”, destacou o economista-chefe da Infinity, Jason Vieira.

Segundo ele, o Brasil reforça a 1ª colocação no ranking mundial de juros reais, preservando o pódio pela 4ª reunião consecutiva e acima de México, Chile, Colômbia e Hong Kong. As estimativas combinam a inflação projetada para os próximos 12 meses, coletada no boletim Focus do Banco Central, de 5,75% e a taxa de juros DI no mercado com vencimento para os próximos 12 meses.

Em termos nominais, o Brasil manteve a 2ª colocação, abaixo apenas da Argentina, com taxa básica de 75% ao ano. A listagem não incluiu a Venezuela que tem a segunda maior taxa das Américas, de 57,97% ao ano, conforme ranking da Trading Economics.

De acordo com Vieira, a manutenção da taxa Selic é reflexo das incertezas na área fiscal, pois o novo governo ainda não mostrou um compromisso firme com a estabilidade fiscal e ainda deixa sinais vagos para o público, sem detalhar que reforma tributária pretende fazer e, muito menos, que arcabouço fiscal pretende adotar para substituir o teto de gastos. “O quadro fiscal está piorando e, toda vez que vão a público, desviam para a reforma tributária, mas nada sobre o escopo”, lamentou.

Na avaliação de Vieira, o Brasil não deve copiar modelos de arcabouços fiscais existentes, porque a maioria dos países está com o fiscal contaminado desde a pandemia da covid-19. “Aqui no Brasil, três reformas evitaram a necessidade do teto de gastos: tributária, do pacto federativo e administrativa”, alertou.

Vicente Nunes