Nas últimas semanas, o Banco Central fez questão de manter uma postura cautelosa. Tudo estrategicamente pensado para consolidar no mercado a visão de que o corte da taxa básica de juros (Selic) será lento e muito gradual. Não por acaso, consolidou-se um quase consenso de queda de 0,25 ponto percentual no indicador nesta quarta-feira.
Horas antes de a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) anunciar sua decisão, uma parte do mercado voltou a cogitar uma redução mais acentuada dos juros, de 0,50 ponto. Motivo: o aprofundamento da recessão mostrado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O tombo de 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre deste ano levou muitos analistas a reverem as projeções de crescimento em 2017 para baixo. E, por tabela, a reduzirem as estimativas de inflação. Há quem já acredite em uma taxa para o custo de vida no ano que vem inferior aos 4,5% perseguidos pelo BC.
Na visão dos especialistas, como a recessão está se aprofundando por total falta de demanda, os reajustes de preços perderão força de uma tal forma que o BC terá que pisar no acelerador dos cortes de juros para evitar nova retração do PIB em 2017.