Na visão de integrantes do Planalto, o aumento anunciado pelo Governo do Distrito Federal foi exagerado, muito acima do observado em outras capitais que já anunciaram reajustes nas passagens de ônibus.
Em São Paulo, onde manifestantes foram para as ruas nesta semana, mas de forma moderada, as passagens ficaram 2,33% mais caras, de R$ 4,30 para R$ 4,40. Em Vitória, no Espírito Santo, as tarifas subiram 4%, passando de R$ 3,75 para R$ 3,90.
No Distrito Federal, nos ônibus mais caros, as passagens saltaram de R$ 5 para R$ 5,50, gerando muitas críticas entre os passageiros. A expectativa é de que, até o fim de janeiro, Fortaleza anuncie aumentos.
Em duas capitais, depois das pressões de populares, houve recuo por parte das prefeituras. Campo Grande (Mato Grosso do Sul) e Belo Horizonte (Minas Gerais) chegaram a anunciar reajustes, que acabaram suspensos.
Impacto na inflação
Pelos cálculos da economista Victória Santos Jorge, da Corretora Ativa, os reajustes das passagens dos transportes urbanos devem pesar na inflação de janeiro. Ela trabalha com impacto de 0,95% no custo de vida, mas há integrantes do mercado falando em até 1,90%.
Victória acredita que um ponto joga a favor do governo, para evitar transtornos maiores por meio de manifestações: o fato de 2020 ser um ano de eleições municipais. Do olho na reeleição ou apostando em fazer sucessores, os prefeitos devem adiar ao máximo os aumentos das passagens.
No Planalto, tudo o que não se quer é tumulto nas ruas, como os verificados no país em 2013 e no Chile, recentemente. Não à toa, o presidente Jair Bolsonaro se adiantou para dizer que o governo não permitirá reajustes nos combustíveis, em especial, no diesel, que pega caminheiros e o setor de transporte urbanos.
O Planalto admite que já basta a disparada dos preços das carnes, que levaram o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a atingir 1,15% em dezembro, a taxa mais elevada para o mês desde 2002. Com isso, a inflação acumulada em 2019 cravou alta de 4,31%, a maior desde 2016.
Brasília, 16h17min