Com inflação alta, Portugal tem o 10º menor salário da União Europeia

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Muitos brasileiros estão ávidos para viver e trabalhar em Portugal, mas é preciso ficar muito atento à realidade do país europeu. Dados divulgados pela Eurostat, órgão responsável pelas estatísticas da União Europeia, apontam que o salário médio português é o 10º menor entre os 27 países que compõe o bloco econômico. Corresponde a 1.378 euros (R$ 7.579) mensais.

Em termos salariais, Portugal está à frente somente de países como Grécia (1.134 euros mensais), que ainda não conseguiu se recuperar da quebradeira provocada pela crise financeira de 2008 e 2009, e de ex-integrantes da extinta União Soviética, como a República Tcheca (1.299 euros). Três nações têm salários médios inferiores a 1 mil euros (R$ 5.500): Romênia (928 euros), Hungria (901 euros) e Bulgária (738 euros).

Na média da União Europeia, o rendimento médio mensal dos trabalhadores é de 2.393 euros (R$ 13.161). O maior salário está em Luxemburgo, com 5.160 euros (R$ 28.380). Depois, aparecem Dinamarca (4.518 euros), Irlanda (3.596 euros), Bélgica (3.480 euros), Áustria (3.451 euros) e Suécia (3.352 euros). O bloco europeu, no entanto, sofre hoje com a maior inflação em mais de três décadas, de 11,1%, em média, que corrói o poder de compra.

Facilidades exigem cuidados

O governo português tem promovido uma série de mudanças na Lei de Imigração para atrair trabalhadores estrangeiros. No caso dos países que integram a Comunidade de Língua Portuguesa (CPLP), entre eles, o Brasil, desde novembro, está sendo concedido um visto que permite aos interessados permanecer até 180 dias em Portugal para procurar emprego.

É importante reforçar que o custo de vida está muito alto em Portugal. As queixas em relação à carestia são muitos. Há consumidores reclamando que os preços nos supermercados mudam entre o momento em que eles pegam as mercadorias nas prateleiras e se dirigem aos caixas. É um quadro parecido com o que se via no Brasil em períodos de remarcações desenfreadas.

Portugueses que ganham menos, um salário mínimo por mês, correspondente a 705 euros (R$ 3.877), estão sendo empurrados rapidamente para a pobreza — isso inclui também os estrangeiros que vivem no país. Muitos já não conseguem mais pagar os alugueis. Recentes pesquisas apontam que, depois de quitarem tudo o que devem, sobram apenas 10% dos rendimentos.

No caso dos estrangeiros — os brasileiros representam um terço deles —, os relatos são dramáticos, pois há pessoas sendo obrigadas a dividir cama, ou seja, umas dormem de dia, outras, de noite, uma vez que não conseguem sequer pagar um quarto decente para viver. Não por acaso, é recorde o número de pessoas, especialmente mulheres, que têm procurado o Consulado do Brasil em Lisboa pedindo ajuda para retornar ao país. Parte desse pessoal chegou há menos de um ano em Portugal.

Vicente Nunes