Com Guedes cada vez mais fraco, Ministério da Economia poderá ser fatiado

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ROSANA HESSEL

Em meio à onda de renúncias de ministros do governo Jair Bolsonaro, encabeçada por Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Fernando Azevedo e Silva (Defesa), nesta segunda-feira (29/03), e que pode chegar a seis pastas, as apostas de um fatiamento do Ministério da Economia, na contramão do discurso de campanha em defesa do enxugamento da máquina pública, voltaram com tudo entre analistas do mercado.

A possibilidade é cogitada se Bolsonaro também demitir o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, considerado um dos piores da Esplanada, por conta da má condução na preservação da Amazônia e na destruição da imagem internacional do país, afugentando investidores de grandes fundos que, cada vez mais, consideram o desenvolvimento sustentável na hora de aplicar os recursos.

“Paulo Guedes foi afastado da articulação política do governo e está cada vez mais fraco. E, depois que o Centrão derrubar o Salles, o Ministério da Economia deverá ser fatiado”, apostou uma fonte do mercado financeiro.

Vale lembrar que a confusão gerada em torno do Orçamento de 2021 é um reflexo da perda de poder e de influência de Guedes junto ao governo, que apoiou as mudanças propostas pelo relator, o senador Marcio Bittar (MDB-AC) que, ao cortar R$ 26,5 bilhões em despesas obrigatórias. Para analistas, Bittar pode ter criado um grupo de pedaladas que podem superar o volume que acabou derrubando a ex-presidente Dilma Rousseff.

Somados aos R$ 17,6 bilhões apontados pela equipe econômica como rombo para o cumprimento da regra do teto, que foram ignorados pelos parlamentares durante a votação do Orçamento o  relator criou um buraco de R$ 43 bilhões, para ser coberto.

Ao que tudo indica, o ministro da Economia, está tão fraco que analistas não poupam críticas em relação a Guedes sobre a responsabilidade de o Congresso ter aprovado o Orçamento de 2021 cheio de problemas e com riscos de pedaladas fiscais se o presidente Jair Bolsonaro sancionar a peça orçamentária do jeito que foi aprovada pelo Legislativo, como aponta ofício de parlamentares entregue nesta segunda-feira ao Tribunal de Contas da União (TCU).

O consenso é que não houve articulação e Guedes errou ao não propor uma atualização dos parâmetros macroeconômicos mais clara, mostrando como as contas públicas estavam críticas realmente. Para eles, faltou mais empenho do ministro.

Contudo, não é a primeira vez que rolam boatos de um fatiamento na Economia. Em outubro passado, o ministro Paulo Guedes chegou a dizer que era “conversa fiada” a hipótese de que a pasta pudesse ser dividida para atender a interesses políticos do Centrão, o bloco de partidos que passou a dar sustentação ao governo no Congresso e que agora está cobrando a fatura do apoio, exigindo a saída de vários ministros, como ocorreu com Ernesto Araújo.

Resultado da fusão entre os ministérios da Fazenda, Planejamento, Previdência, Trabalho e Indústria e Comércio, o Ministério da Economia é hoje o maior orçamento da Esplanada. Na peça orçamentária aprovada pelo Congresso na semana passada, o volume de recursos previstos para a pasta soma R$ 559,5 bilhões, o equivalente a 4,1 vezes a previsão do Ministério da Saúde, de R$ 136,2 bilhões.

Vicente Nunes