Com gasolina cara, posto parcela em até seis vezes no cartão

Publicado em Economia

HAMILTON FERRARI

Cientes de que os consumidores estão tendo dificuldades para bancar a alta dos preços da gasolina, alguns postos resolveram facilitar o pagamento: estão parcelando o combustível em até seis vezes no cartão de crédito, sem juros. É o que se pode ver no posto Shell, da 109 Norte.

 

GasolinaCartao

 

Segundo um funcionário do posto, optou-se por dar mais facilidade à clientela, porque muita gente não estava conseguido encaixar os gastos com gasolina no orçamento doméstico. O litro da gasolina nesse estabelecimento está em R$ 4,159.

 

Os especialistas, no entanto, alertam para os riscos de se comprar gasolina parcelada no cartão, sobretudo em seis vezes. Na primeira vez, pode ser um alívio. O problema é que muita gente enche o tanque do carro a cada 15 dias. Em três meses, haverá uma dívida acumulada muito grande. Portanto, todo cuidado é pouco.

 

Não se pode esquecer que o cartão de crédito é o principal vilão do endividamento no país. De cada 10 pessoas que têm dívidas, sete devem no cartão. A inadimplência é tão alta que o Banco Central mudou o sistema de pagamento no cartão: o consumidor só pode ficar um  mês pendurado no crédito rotativo, que cobra juros superiores a 300% ao ano. Depois, o banco é obrigado a oferecer ao cliente uma linha especial, mais barata.

 

Nas alturas

 

A gasolina subiu muito nas últimas semanas, acompanhando a disparada dos preços do petróleo e do dólar. São esses dois itens que a Petrobras leva em consideração para formar os preços dos combustíveis nas refinarias. Desde julho de 2017, a estatal vem atualizando os valores da gasolina e do diesel quase que diariamente — a alta acumulada passa de 40% nos dois casos.

 

Se os consumidores reclamam dos elevados preços dos combustíveis, a Petrobras só tem a comemorar. A estatal registrou, somente no primeiro trimestre deste ano, lucro líquido de R$ 7 bilhões, depois de um longo período de prejuízos. Não à toa, segundo Einar Rivero, da Consultoria Economatica, “o crescimento do valor de mercado da empresa do pior momento em 2016 até o dia 10 de maio de 2018 é de R$ 291,2 bilhões”.

 

Em 2018, até 10 de maio, as ações ordinárias da Petrobras registraram valorização de 70,55% e as preferenciais, de 59,94%. No mesmo período, o Ibovespa, principal índice de lucratividade da Bolsa de Valores de São Paulo, teve alta de 12,38%. Considerando os preços de 11 de fevereiro de 2016 (menor valor de mercado desde 2008), a valorização das ações ordinárias da Petrobras foi de 387,99% e a das preferenciais, de 508,75%. No mesmo período, o Ibovespa subiu 118,38%.

 

Brasília, 17h15min