Nem mesmo na chamada década perdida, nos anos de 1980, se viu um quadro tão perverso. Muito do resultado ruim se deve ao período entre 2014 e 2016, quando a economia brasileira amargou uma das piores recessões da história. O Produto Interno Bruto (PIB) caiu mais de 7%.
A expectativa era de que, com a saída de Dilma e a posse de Michel Temer, a economia deslanchasse, uma vez que a confiança dos agentes financeiros melhorou. Mas as constantes crises na administração Temer, que quase foi cassado duas vezes, impediram o avanço do PIB, que cresceu 1%, na média, entre 2017 e 2018.
Crise política
A mesma expectativa se criou com a eleição de Bolsonaro. Alguns economistas chegaram a falar em crescimento de mais de 3% em 2019. À medida, porém, que a ficha foi caindo, as previsões para o PIB despencaram. Na média do mercado, está em 2%, mesma estimativa feita pelo Banco Central.
Mas, diante da crise política detonada pelo embate entre Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que vai atrasar o andamento da reforma da Previdência, os analistas passaram a falar em incremento do PIB próximo de 1%. É o caso do economista-chefe da Corretora Necton, André Perfeito. Ele reviu a projeção de crescimento para este de 1,8% para 1,1%.
O risco de o Brasil ter a pior década da história já vinha sendo alertado pelo economista Marcel Balassiano, pesquisador sênior da área de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Pelos cálculos dele, o Brasil só evitará esse vexame se, entre 2019 e 2020, o PIB crescer 5,7% ou mais. Ninguém acredita em tal possibilidade.
Brasília, 12h35min