Bolsonaro e Eduardo Foto: Sérgio Lima/AFP

Com demissão de Ernesto Araújo, Eduardo Bolsonaro perde seu principal protegido no governo

Publicado em Economia

O filho 03 do presidente Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro, teve a sua pior derrota no governo com a demissão de Ernesto Araújo do Ministério das Relações Exteriores. Araújo era o principal protegido de Eduardo na administração federal. Araújo não tomava nenhuma decisão sem antes consultar o filho do presidente.

 

Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, Eduardo tentou, num primeiro momento, convencer o pai a manter Ernesto Araújo no governo. Mas seus argumentos perderam força depois do agravamento da crise aberta pelo chanceler com o Senado. Ele acusou a senadora Kátia Abreu de estimulá-lo a endossar um lobby a favor da empresa chinesa Huawei na tecnologia 5G.

 

Para Bolsonaro, entre abrir mão do subordinado que representa a extrema-direita e ver o Congresso se virar contra o governo, ele optou por mandar Araújo embora do governo. A nota oficial do Palácio do Planalto, no entanto, virá como se o chanceler tivesse pedido para deixar o comando do Itamaraty.

 

No Planalto, diz-se que foi o filho 03 que deu o aval para que Ernesto Araújo divulgasse o tuíte no qual ele acusou Kátia Abreu de lobista. Como a demissão dele era irreversível, o melhor era sair atirando para manter os apoiadores mais radicais do governo atiçados. São os radicais hoje a principal base de apoio de Bolsonaro.

 

A ligação de Eduardo Bolsonaro com Ernesto Araújo é forte. Eles atuaram juntos na campanha, derrotada, à reeleição de Donald Trump para o governo dos Estados Unidos, e nos ataques à China. O chanceler, por sinal, rasgou toda a diplomacia brasileira ao defender o filho do presidente em críticas públicas ao embaixador da China no Brasil.

 

O temor dentro do Itamaraty é de que Eduardo Bolsonaro tenha ascendência sobre o pai para fazer o sucessor de Araújo. Dois nomes têm a simpatia do filho 03 do presidente: Nestor Forster, embaixador do Brasil em Washington, e Luiz Fernando Serra, embaixador em Paris. Ambos fazem parte da corrente olavista, de extrema-direita, da qual Araújo é um dos expoentes.

 

Brasília, 12h45min