Com crise entre os EUA e a China, dólar vai a R$ 4

Publicado em Economia

HAMILTON FERRARI

O acirramento da crise comercial entre os Estados Unidos e o clima de tensão no Oriente Médio, devido ao enfrentamento entre Irã e Arábia Saudita, levaram o dólar aos R$ 4 na manhã desta segunda-feira (13/05).

 

Segundo o economista-chefe da Corretora Necton, André Perfeito, a “guerra” entre os EUA e a China é, antes de tudo, “uma maneira exótica e bastante peculiar do presidente Donald Trump de administrar tensões internas e externas e, assim, se presta a outros objetivos que não o óbvio do comércio”. Já a tensão no Oriente Médio empurra o preço do petróleo para cima.

 

Para Perfeito, a tendência é de o dólar continuar se valorizando em relação ao real, “talvez menos porque o Brasil esteja pior, o que, de fato, está, pois basta ver o mercado refazendo as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) para mais próximo de 1% em 2019”, mas, sobretudo, pela questão internacional. “Essa diferença é crucial para entender o fenômeno, e não há nada que possamos fazer a respeito”, ressalta.

 

Diante desse quadro, ele não acredita na possibilidade de o Banco Central cortar a taxa básica de juros (Selic), como preveem alguns economistas. Dólar em alta é inflacionário, mesmo em períodos de baixo crescimento.

 

“Um corte dos juros agora teria que ser desfeito no começo do ano que vem, quando os EUA subirem, ou ameaçarem subir, sua taxa básica. Outro ponto é que um corte na Selic de 6,50% até 5,75% ao ano não criará impulsos adicionais à economia”, frisa. No entender do economista, juros menores estimulariam o repasse mais rápido da alta do dólar para a inflação.

 

“Por isso, reafirmamos nosso cenário de Selic estável neste ano, apesar da atividade econômica pífia. Já sobre o dólar, imaginamos algo entre R$ 4,05 e R$ 4,10 para o final de 2019”, diz Perfeito.

 

Brasília, 09h51min