HAMILTON FERRARI
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) elevou a projeção de inflação para 2019. Antes, em março, a estimativa era de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficaria em 3,85%. Com o aumento do custo dos preços dos alimentos, o órgão prevê que a taxa ficará em 4,08% ao término do ano.
Os valores nos supermercados estão mais salgados, mesmo com o desempenho fraco do consumo das famílias. Os alimentos acumulam alta de 9,1% nos últimos 12 meses encerrados em abril.
No mesmo período, a inflação para as famílias de renda mais baixa foi de 5,3%, enquanto que as classes sociais mais alta tiveram o custo de vida elevado em 4,7% Para os pobres, as maiores contribuições à inflação vieram dos reajustes dos medicamentos (2,3%), da alimentação no domicílio (0,62%) e das tarifas de ônibus urbano (0,74%). “No caso do segmento mais rico da população, embora os alimentos e os medicamentos também tenham impactado a inflação dessa classe, o maior foco de pressão veio da alta de 2,7% da gasolina”, avalia o Ipea.
Os preços administrados — aqueles firmados em contrato ou estabelecidos por governos — também têm papel decisivo para a revisão dos preços. Com o dólar em patamar elevado, os preços dos combustíveis também aumentam. “A expectativa de uma elevação maior no preço do barril de petróleo, aliada a uma taxa de câmbio mais depreciada, alterou a projeção de preços monitorados de 4,9% para 5,5% até o final de 2019”, analisa o órgão.
Em contrapartida, o consumo fraco das famílias faz com que os preços livres (com exceção dos alimentos) tenham um desempenho muito fraco. A variação é de apenas 1,7% no acumulado de 12 meses até abril. “Se é fato que o baixo dinamismo do nível de atividade vem contribuindo para a manutenção da inflação desse segmento em baixo patamar, a perspectiva de um crescimento ainda menor da economia brasileira neste ano gerou um recuo da projeção para a alta de preços desses bens livres em 2019, que passou de 1,7% para 1,2%”, estima o Ipea.
Brasília, 11h39min