CNseg eleva de 2,2% para 3,2% a previsão para o PIB de 2023

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ROSANA HESSEL

A Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) acaba de revisar para cima as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, mas reduziu as estimativas de desempenho do setor segurador.

Pelas novas previsões da CNseg, o avanço do PIB brasileiro neste ano será de 3,2% em vez de 2,2%, alta estimada no fim de 2022. De acordo com o presidente da CNseg, essa nova previsão é mais um ajuste por conta do desempenho acima do esperado pelo mercado da atividade econômica no primeiro semestre de 2023. “O carry over já está em 3,1%, considerando os dois primeiros trimestres. Ou seja, se não houver crescimento no segundo e no terceiro trimestre, o PIB já crescerá 3,1%”, afirmou o ex-ministro do Planejamento do governo Michel Temer (MDB).

A projeção da CNseg está levemente acima da mediana das estimativas do mercado coletadas pelo Banco Central no boletim Focus, de 2,92%, mesma taxa da semana passada. A entidade ainda reduziu de 5,60% para 5,1% a previsão para a inflação oficial deste ano, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), e revisou de 12,50% para 11,75% a previsão para a taxa básica da economia (Selic), no fechamento do ano. Atualmente, a Selic está em 12,75% ao ano.

“Esse cenário que estamos prevendo é mais positivo do que era esperado no fim de 2022”, afirmou. “Estamos felizes por termos antecipado um crescimento maior do que o mercado estava prevendo e agora fizemos alguns ajustes no setor de seguros, principalmente, por conta do mercado de previdência privada, que estão com um desempenho menor do que o esperado e têm um impacto forte no faturamento do setor”, explicou Dyogo Oliveira, nesta quinta-feira (5/10), em entrevista aos jornalistas.

Pelas novas perspectivas da CNseg, o faturamento total do setor deverá crescer 9,4% neste ano, acima da inflação mas abaixo da previsão anterior, de 10,1%.  “Apesar da redução, ainda é um número maravilhoso, porque temos um crescimento real de 4,4%, que é um número muito satisfatório”, disse.

O presidente da CNseg lembrou que essa revisão para baixo ocorreu, principalmente, devido ao endividamento elevado das famílias neste ano, pois elas reservam recursos para o seguro pessoal e a previdência privada se sobrar alguma coisa após os gastos com alimentação e pagamento de dívidas. A previsão de crescimento para o seguro de pessoas, por exemplo, passou de 10,1% para 6,3% e  a estimativa para o faturamento do setor de previdência privada passou de 7,7% para 6,1%. “O mercado de previdência privada é bastante significativo para o setor de seguros, porque tem um peso no faturamento do setor entre 30% e 35%”, afirmou Oliveira.

Segundo o executivo, como houve uma melhora no mercado de venda de automóveis, por conta da normalização do fornecimento de peças, neste ano, e também por conta dos estímulos do governo federal para compra de automóveis, a previsão para o faturamento do setor de seguro de automóveis passou de 8% para 18%.

Oliveira voltou a defender a implementação do seguro social para catástrofes naturais. Uma proposta da entidade de um substitutivo para o projeto de lei que tramita no Congresso sobre seguro de catástrofes, prevê um socorro emergencial destinado aos moradores de áreas atingidas por enchentes ou deslizamentos, por exemplo.

Em relação à conversa nesta semana com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Oliveira disse que conversaram sobre uma série de ações microeconômicas para o setor de seguros e sobre o Projeto de Lei nº 29/2017, que está no Senado Federal e trata da Lei Geral do Seguro, que traz uma série de medidas importantes de proteção ao segurado. “O governo tem dado uma atenção importante para o setor de seguros”, afirmou. Segundo ele, o governo dará apoio para a aprovação do projeto “com alguns ajustes”. “O projeto melhora a confiança do segurado em relação ao produto seguro e dá mais transparência nas relações de ambas as partes”, afirmou.

Oliveira ainda defendeu uma revisão das regras para o setor de seguros de saúde, mas com critérios que levem em conta as mudanças do segmento, porque as pessoas estão vivendo mais e há avanços tecnológicos nos tratamentos. “Qualquer mudança precisa levar em consideração o equilíbrio financeiro do setor”, afirmou ele, lembrando que os planos de saúde acumulam prejuízo em torno de R$ 10 bilhões neste ano.

Vicente Nunes