CNI revisa previsão de alta do PIB de 2022 de 0,9% para 1,4%

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ROSANA HESSEL

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) acompanhou os demais agentes de mercado e acaba de revisar a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022, elevando a previsão de abril, de 0,9% para 1,4%, de acordo com o Informe Conjuntural do segundo trimestre divulgado nesta sexta-feira (8/7). A nova estimativa é melhor do que a de dezembro de 2021, quando a entidade previa alta de 1,2% no PIB.

Um dos motivos da nova revisão foi a expectativa de melhor desempenho da atividade econômica no primeiro semestre do ano, apesar da crise global provocada pela guerra na Ucrânia, iniciada em 20 de fevereiro e que foi o principal motivo do corte da previsão anterior, em abril, destacou o gerente-executivo de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles.

“Com a guerra na Ucrânia e as paralisações de produção na China fizeram as expectativas da da CNI para para o PIB geral e o PIB industrial piorarem, devido à nova ruptura das cadeias de suprimentos e às pressões inflacionárias sobre as commodities”, destacou o especialista em entrevista ao Blog. “A guerra da Ucrânia atrasou o processo de queda da inflação e fez com que os juros ficassem acima do que estávamos esperando. Além disso, a expectativa das empresas, em outubro do ano passado, era de que a questão da escassez de insumos estaria resolvida na primeira metade deste ano. Mas, com o conflito no Leste Europeu, as empresas adiaram as projeções dessa retomada, assim como os investimentos para 2023. E, por esse motivo, reduzimos as projeções em abril”, destacou. De acordo com ele, agora, um fator que era considerado em dezembro do ano passado vem ajudando a melhorar as projeções.

“A retomada do mercado de trabalho, com mais pessoas trabalhando, está sendo importante para o aumento da massa salaria”, afirmou. Conforme dados coletados pela entidade, o rendimento médio real vem crescendo, a despeito da inflação elevada. Por conta disso, a CNI revisou a expectativa de taxa de desemprego média no ano, de 12,9% para 10,8%, e o crescimento da massa salarial real, de 1,4% para 1,6%.

Segundo Telles, outro fator que está ajudando a dar um impulso no segundo trimestre é o impulso fiscal, que deve se estender no terceiro trimestre. Ele destacou o adiantamento do 13º salário para aposentados e pensionistas e a liberação de saques emergenciais de até R$ 1 mil do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), além da retomada do pagamento do abono salarial; e aumento das transferências diretas de renda estão estimulando o consumo. Ele adicionou à lista a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 1/22, ou PEC Kamikaze, que cria uma série de benefícios, como o voucher de R$ 1 mil para os caminhoneiros, e amplia o valor mensal do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600. “Esse aumento das transferências de renda que devem ter algum impacto no segundo semestre”, disse.

A CNI revisou para cima a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2022, de 6,3%, em abril, para 7,6% – acima do teto da meta, de 5% – e prevê a taxa básica da economia (Selic), atualmente em 13,25% ao ano, encerrando dezembro em 13,75% após novo ajuste em agosto, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom). Telles Ele reconheceu que as perspectivas para o segundo semestre são de desaceleração da atividade.

As projeções para o PIB dos três setores que compõem a oferta também foram revisadas pela CNI. No caso do PIB de serviços, que vem sendo beneficiado pela normalização pós-pandemia de serviços ligados à mobilidade, a projeção de crescimento passou de 1,2% para alta de 1,8%. O PIB industrial, por sua vez, segue enfrentando dificuldades, mas a revisão passou de queda de 0,2% para alta de 0,2%. Já o PIB da agropecuária foi no sentido inverso e sofreu redução da previsão de expansão, antes de 1,3%, para zero, porque os efeitos do clima adverso no início do ano para a soja foram mais extensos do que o previsto.

De acordo com o relatório da CNI, o consumo das famílias, um dos principais motores de crescimento do PIB, encerrará 2022 com
crescimento mais limitado que o de 2021, quando a recuperação, em relação ao ano anterior, levou a crescimento de 3,6%. A projeção da entidade para 2022 é de alta de 1,6%, em relação a 2021.

Vicente Nunes