“O maior otimismo compartilhado pelos empresários industrias, decorre da queda da atividade menor do que a esperada em resposta às novas medidas de isolamento social. Não só as medidas de isolamento social foram menos restritivas do que as adotadas em 2020, como também grande parte das empresas estavam mais preparadas para atuar em um ambiente de restrições à aglomeração de pessoas”, destacou o documento que aponta perspectiva de crescimento de 6,9% no PIB industrial, com a indústria de transformação devendo apresentar avanço 8,9% em relação a 2020.
De acordo com o documento, após o crescimento de 1,2% do PIB no primeiro trimestre, puxado pelo investimento e pelas exportações, a previsão da CNI é de que a indústria de transformação, que recuou 0,5%, volte a crescer no segundo semestre.
No estudo, a CNI destaca que a indústria nacional ainda exibe sinais de dificuldades, principalmente sobre o segmento de bens de consumo, sobretudo duráveis e semiduráveis. como vestuário, couro e calçados.
Pelas estimativas do economista-chefe da CNI, Renato da Fonseca, o empresário industrial está mais confiante e com maior intenção de investir. “Apesar do aumento dos juros pelo Banco Central, as taxas continuam baixas para o padrão brasileiro dos últimos anos. Além disso, a utilização da capacidade instalada segue elevada, o que sugere necessidade de investimentos para ampliar a produção”, informou o especialista no comunicado da entidade.
Na avaliação do presidente da CNI, Robson Andrade, a indústria voltará a crescer, mas a grande questão é por quanto tempo. ”Vencer a crise é uma coisa, voltar a crescer é outra. Para voltar a crescer é, a indústria brasileira precisa se tornar mais competitiva e para isso é preciso reduzir o Custo Brasil. Precisamos acelerar a agenda das reformas estruturais, sendo que a principal é a reforma tributária ampla”, disse.
A indústria de transformação brasileira viu sua produção encolher, em termos reais, nos últimos 10 anos, principalmente pelos fatores que compõem o Custo Brasil. De 2010 a 2020, o valor adicionado da indústria de transformação encolheu 1,6% ao ano, em média. Como consequência, o PIB do Brasil cresceu apenas 0,3% ao ano no mesmo período.
Pelas novas estimativas da CNI, a inflação em 2021 vai superar o teto da meta, de 5,25% e a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 4,25%, encerrará dezembro em 6,5% anuais e, com isso, os juros cobrados nos empréstimos às empresas devem continuar subindo. A entidade estima que, em 2021, dívida pública bruta deverá encerrar o ano em 82,3% do PIB.