ROSANA HESSEL
Após o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, manter a taxa básica da economia (Selic) em 13,75% ao ano, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) emitiu uma nota considerando “equivocada” a decisão do Comitê. A entidade informou que espera que, “com a continuidade do movimento de desaceleração da inflação, o Copom inicie na próxima reunião o processo de redução da Selic”.
“A Selic em 13,75% ao ano está em um nível que restringe excessivamente a atividade econômica. É mais do que suficiente para garantir a manutenção da trajetória de desaceleração da inflação nos próximos meses. E, volto a dizer o que disse no Senado há poucos dias: as empresas estão tomando crédito a mais de 30% e o setor produtivo não aguenta pagar esse nível de juros”, disse o presidente da CNI, Robson Andrade, em nota da entidade.
“As altas taxas de juros foram um dos fatores mais importantes para a desaceleração da atividade econômica observada no final de 2022. No último trimestre no ano passado, o PIB encolheu 0,2% na comparação com o trimestre anterior. Como esse nível foi mantido nos primeiros meses de 2023, a Selic continua restringindo significativamente a atividade econômica e as expectativas do Boletim Focus do BC indicam alta do PIB de apenas 1% em 2023 em relação a 2022”, acrescentou o comunicado.
“Neste momento, a manutenção da taxa de juros é desnecessária para combater a inflação e apenas impõe riscos adicionais para atividade econômica”, acrescentou o presidente da CNI. Segundo a entidade, “é fundamental levar em consideração os eventos adversos relacionados a grandes empresas varejistas no Brasil sobre o mercado de crédito”. “Esses acontecimentos têm levado ao aumento de provisões por parte dos bancos e reduzido a oferta, tornando o crédito mais caro. Os efeitos na economia são equivalentes a um aumento da Selic”, completou.
Apesar de a CNI esperar queda dos juros em junho, a maioria dos analistas tem afirmado que o mais provável é que o Banco Central só comece a reduzir os juros no segundo semestre, provavelmente, a partir de agosto ou de setembro, pois ainda há incertezas em relação às pressões inflacionárias e a efetividade do novo arcabouço fiscal — uma das condicionantes para a redução do risco que vinham sendo apontadas pelo BC nos comunicados — enviado pelo governo ao Congresso.