O saudosismo aumentou depois das trapalhadas de Guedes e da equipe dele envolvendo a Medida Provisória 927, que previa a suspensão dos salários de trabalhadores por quatro meses. A MP, que chegou a ser defendida inicialmente pelo presidente Jair Bolsonaro, provocou uma gritaria que nunca havia sido vista contra o governo.
As reações negativas vieram de todos os lados, da direita e da esquerda, de críticos e de defensores contumazes de Jair Bolsonaro. O clima pesou tanto para o governo, que o presidente foi obrigado a revogar o artigo 18 da MP, que tratava da aberração contra os trabalhadores.
Enfraquecido
Paulo Guedes, que nunca esteve tão enfraquecido, tratou logo de dizer que tudo não passou de um equívoco. Foi, segundo ele, um erro de redação. O objetivo da equipe econômica, acrescentou Guedes, era preservar os vínculos empregatícios, mas o texto acabou sendo publicado às pressas, numa madrugada de domingo.
A justificativa do ministro não convenceu a ala mais radical do governo, que cobra uma ação enérgica de Bolsonaro para conter o estrago na imagem dele num momento em que sua popularidade desaba por não estar sabendo lidar com a pandemia do coronavírus.
Para técnicos de alto gabarito da Esplanada, o momento é tão conturbado na economia, que seria bom ter uma pessoa como Meirelles sentado na cadeira ocupada por Guedes. Além de ser uma pessoa sensata, Meirelles é conhecido e bem-quisto entre os agentes econômicos e tem bom trânsito político, o que falta ao atual ministro da Economia.
Todos sabem que, se demitir Guedes, Bolsonaro jamais chamaria Meirelles, sobretudo por ele ser hoje secretário da Fazenda do governo de São Paulo. Bolsonaro não levaria para a sua equipe um subordinado ao “lunático” governador João Dória.
Uma eventual queda de Guedes já não assusta mais ninguém. Entre as opções hoje à disposição de Bolsonaro, o nome mais forte é o de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. À medida que a pandemia da Covid-19 avança, menor fica a estatura de Guedes.
Brasília, 20h16min