Centrais sindicais se unem contra reforma da Previdência

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POR CELIA PERRONE

O governo já acendeu o sinal de alerta. Diversas centrais sindicais prometem realizar, em 16 agosto, manifestações em todos os estados contra as reformas da Previdência Social e da legislação trabalhista. Segundo o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, os protestos serão feitos em frente às sedes de federações de indústrias. Os locais foram escolhidos porque as entidades patronais estão pressionando o governo a mudar as regras do sistema previdenciário e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). De acordo com o sindicalista, as alterações prejudicarão a classe trabalhadora.

Os atos fazem parte do Dia Nacional de Luta em Defesa da CLT, dos Direitos Trabalhistas e da Previdência Social. “O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, fez recentemente críticas à legislação trabalhista. Por isso, vamos para cima dos empresários e do governo, que, com a política econômica de juros altos, têm aumentado o número de desempregados no país, o que acarreta baixa arrecadação, aumentando, inclusive, o rombo da Previdência”, diz Juruna.

As manifestações terão as presenças da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), da Força Sindical, da União Geral dos Trabalhadores (UGT), da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB).

Juruna considera que a união das principais centrais sindicais do país dará força à causa dos trabalhadores. “Começamos a conversar esta semana com a CUT e a CTB, que decidiram não participar das negociações até agora por considerarem o governo interino de Michel Temer ilegítimo”, relata. “Mas é muito bom que se juntem ao movimento agora, pois isso dá mais representatividade à nossa causa, que é comum, uma vez que os direitos trabalhistas estão seriamente ameaçados”, afirma.

Greve geral

O presidente da CTB/SP, Onofre Gonçalves, diz considerar importante que as centrais mantenham a unidade num momento em que “os trabalhadores de todos os setores estão ameaçados por um governo que nem foi eleito”. Isso, segundo ele, “é só um preparativo para a greve geral que vamos convocar”, ameaça.

Gonçalves ressalta ainda que as centrais lutam, há anos, “para diminuir a jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais e o presidente da CNI propõe aumentá-la para 80 horas”, referindo-se a uma polêmica declaração feita no mês passado por Robson Andrade. “Pelo andar da carruagem, vão querer implantar a escravidão de novo no Brasil”, acrescenta. A CNI afirma que o dirigente patronal não defendeu o aumento de jornada semanal, mas um debate sobre as leis trabalhistas. Procurada, a CUT preferiu não se manifestar.

Brasília, 09h30min

Vicente Nunes