Casa da Corrupção ou Corrupção da Moeda

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A Casa da Moeda, controlada pelo Ministério da Fazenda, ganhou as manchetes dos jornais nos últimos dias, por causa da suspensão da fabricação de passaportes devido à quebra de uma máquina, cuja peça estragada teria que vir da Alemanha. Houve uma gritaria geral por causa das dificuldades em se ter acesso ao documento que permite aos brasileiros viajarem para o exterior.

O que  ninguém disse foi que, nos últimos anos, a Casa da Moeda se transformou em um antro de corrupção. Desde o início do governo PT, em 2003, a estatal foi alvo de pelo menos três operações da Polícia Federal para desbaratar quadrilhas que estavam roubando a empresa por meio de fraudes em licitações e contratos fraudulentos. Não por acaso, entre os funcionários da companhia, tornou-se comum chamá-la de Casa da Corrupção ou Corrupção da Moeda.

O primeiro escândalo envolvendo a Casa da Moeda na era petista ocorreu em 2005, quando o então presidente da estatal, Manoel Severino dos Santos, foi pego na lista dos beneficiários de propina dentro do mensalão. Segundo a PF, ele teria recebido R$ 2,7 milhões do publicitário Marcos Valério, financiador do esquema, ainda preso e muito propenso a fazer delação premiada. Manoel chegou à Casa da Moeda por meio da deputada Benedita da Silva, do PT do Rio de Janeiro. Ele havia sido secretário Extraordinário de Articulação do governo dela em 2002.

Em 1º de julho de 2015, há exato um ano, a Polícia Federal desbaratou um esquema que fraudava contratos da estatal referentes à implantação do sistema de controle de produção de bebidas (Sicobe). Descobriu-se, por meio da Operação Vícios, que funcionários da Casa da Moeda e da Receita Federal teriam recebido propinas de R$ 100 milhões. O então ministro da Fazenda, Joaquim Levy, foi obrigado a demitir Luiz Felipe Denucci da presidência da empresa. Ele havia chegado à estatal por indicação do PTB, mas ganhou a confiança de Guido Mantega, que comandou a Fazenda no governo Lula e no primeiro de Dilma Rousseff.

Em junho deste ano, a Polícia Federal fez outra operação, denominada Esfinge, para desbaratar uma quadrilha que teria fraudado licitações no valor de R$ 6 bilhões. Funcionários da empresa teriam embolsado R$ 70 milhões em propinas. As fraudes se relacionavam à instalação do Sicobe.

Com tantas maracutaias, não é de se estranhar que a Casa da Moeda esteja quebrada e incapacitada para produzir coisas básicas, como passaportes, e dependa de uma peça vinda da Alemanha para voltar a operar. Isso mostra o quanto a empresa está largada do ponto de vista administrativo. Certamente, uma boa gestão teria preparado um plano de contingência para não prejudicar os consumidores e preservar os interesses do país. A Casa da Moeda, infelizmente, está entregue à ganância dos políticos.

Brasília, 17h30min

Vicente Nunes