Carluxo, alvo de busca e apreensão da PF nesta segunda-feira (29/01), usava todos os dados coletados pelos arapongas para montar a estrutura de difamação contra inimigos políticos do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, e de disseminação de notícias falsas. As informações também serviam para bloquear ações que pudessem chegar a integrantes da família Bolsonaro, como o senador Flávio Bolsonaro e Jair Renan, o 04.
Havia todo um método de atuação, cuja ponta final era o Gabinete do Ódio, que se instalou dentro do Palácio do Planalto durante o governo passado. E parte dessa estrutura continuou funcionando mesmo na administração de Luiz Inácio Lula da Silva, por meio de equipamentos da Abin usados por Carlos Bolsonaro, o deputado Alexandre Ramagem e aliados do grupo de dentro da agência.
A Polícia Federal tem certeza de que chegou ao coração do esquema político do Gabinete do Ódio, ainda bastante ativo. O contínuo monitoramento de autoridades, de jornalistas e de integrantes do atual governo explica todo o movimento estruturado nas redes sociais, por onde o esquema liderado por Carluxo tenta destruir reputações. Foram feitos mais de 30 mil monitoramentos pela Abin paralela.
A PF já está de posse de computadores que estavam na casa de ex-assessor de Ramagem e de pelo menos 10 celulares encontrados com um militar do Exército, que atuou na Abin durante o governo Bolsonaro e é casado com uma agente da agência. Os agentes acreditam que as análises dos equipamentos apreendidos, inclusive em residência em Angra dos Reis, vão mostrar a participação de outros integrantes da família Bolsonaro nos esquemas.
Não só. É possível que as investigações cheguem aos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista dela, Anderson Gomes. Já se sabe que uma assessora de Carlos Bolsonaro pediu a uma subordinada do então diretor da Abin, Alexandre Ramagem, detalhes sobre uma delegada que tocava um processo de interesse de Jair Bolsonaro e dos três filhos dele.