Na noite desta quarta-feira (27/3), o Banco Central anunciou uma operação de leilão de linha no mercado de câmbio para esta quarta. Na prática, é venda de dólar com compromisso de recompra futura. A atuação é diferente da venda de swaps cambiais, que foi adotada frequentemente em casos de excessos nervosismos na moeda norte-americana durante a gestão Ilan Goldfajn.
De acordo com Campos Neto, não existe nenhuma mudança de estratégia em relação ao câmbio. “O câmbio é flutuante. Nós vamos sempre fazer as intervenções, visando suprir liquidez. Sempre entendendo qual é o instrumento que é mais demandado. Não existe nenhuma estratégia de trocar linha por swaps”, afirmou.
O Banco Central entendeu que o cupom cambial estava “relativamente” com comportamento desproporcional, segundo ele. “Entendemos que o leilão de linha era o modelo apropriado e que o timming era apropriado”, alegou.
O cenário de incerteza política envolvendo o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto inflaram a preocupação dos investidores. A moeda norte-americana operou acima de R$ 4 na manhã desta quinta-feira (28/3). O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), que chegou a ultrapassar 100 mil pontos na última semana, tombou para 93 mil.
Rédeas
Para o diretor de câmbio da FB Capital, Fernando Bergallo, a percepção unânime do mercado financeiro é que o governo federal vem “perdendo as rédeas” da articulação política na Câmara para conseguir aprovar a reforma da Previdência. Ele ressaltou ainda que o momento é de absurda importância, já que as condições das contas públicas do país são preocupantes. “Acredito que a possibilidade de a reforma Previdenciária passar atualmente é de menos de 50%, pois parece que o Congresso inteiro está jogando contra o Governo”, afirmou.
Além disso, o economista disse que, caso a situação continue assim, existem grandes chances do ministro da Economia, Paulo Guedes, deixar o governo, como ele já sinalizou em duas ocasiões. “Ou seja, estamos a véspera de um momento de caos, o mercado já tinha precificado a aprovação da Reforma e estávamos trabalhando com níveis de preços considerando isto como certo”, disse Bergallo.
De acordo com Daniela Casabona, sócia-diretora da FB Wealth, o mercado se questiona se o governo tem capacidade de articulação na Câmara. “Os investidores estão olhando a cena política, principalmente após a aprovação da PEC que aumenta os gastos obrigatórios e reduz o poder do Executivo sobre o Orçamento, isso é entendido de forma negativa em relação a aprovação da Reforma da Previdência e como uma derrota do governo”, afirmou.
Brasília, 13h27min