Nas mesas de bar, nas filas de supermercados, nos consultórios médicos, na Esplanada dos Ministérios, em todos os lugares a que se vá, a sensação é uma só: ninguém confia mais no governo Dilma Rousseff. Mesmo os petistas mais aguerridos admitem que a atual administração criou um clima tão ruim, que não se sabe se o país conseguirá suportar, por mais três anos, conviver com um cadáver insepulto. A desconfiança não nasceu por acaso ou por implicância gratuita com a presidente. Ela é fruto exclusivo de um governo marcado pela incompetência e pela arrogância. Dilma e vários de seus ministros desrespeitaram regras básicas da economia, plantaram e colheram inflação, destruíram as contas públicas, minaram a credibilidade do Banco Central, cederam a lobbies poderosos e, pior, detonaram uma crise política que paralisou o Brasil. Tudo, é claro, regado à corrupção que destruiu a Petrobras e foi desvendada pela Operação Lava-Jato. Já em 2014, com Dilma candidata à reeleição, a desconfiança começava a fincar raízes no país. As empresas, mais conscientes dos problemas criados pelo governo, pisaram no freio e suspenderam os investimentos. Passaram a temer que o país mergulhasse em uma profunda recessão e fábricas que haviam sido ampliadas se tornassem um sorvedouro de dinheiro, devido à queda nas vendas. Estavam mais do que certas. Do lado dos consumidores, porém, a sensação de bem-estar construída nos anos anteriores impedia que muitos percebessem que o governo estava levando o país para o atoleiro. A renda ainda cresceu forte em 2014, as negociações salariais garantiram bom reforço nos contracheques e o desemprego era apenas uma ameaça. Muita dessa falsa visão de que tudo estava indo bem foi estimulada pelo Palácio do Planalto por meio de incentivos ao consumo que quebraram o Tesouro Nacional. Foi em cima desse quadro ilusório, que Dilma fez o diabo para se reeleger. Quando 2015 chegou, o desastre estava consumado. A população se deu conta de que havia sido vítima de um estelionato eleitoral. Mas já era tarde. Restou aos consumidores a fatura da enganação: aumentos superiores a 50% na conta de luz, reajustes dos combustíveis, inflação de quase 10%, renda corroída, juros abusivos e desemprego nas alturas — somente nos primeiros sete meses deste ano, pelo menos 500 mil empregos com carteira assinada foram fechados. Diante desse quadro, reconhece o economista Sílvio Campos Neto, da Consultoria Tendências, não há como se falar em retomada da confiança, que está nos níveis mais baixos da história, tanto entre as empresas quanto entre os consumidores. Não neste ano, nem em 2016. “A sociedade está muito pessimista. Sabe que a recessão na qual o país está mergulhado será pesada, com consequências ruins, como o aumento do desemprego”, explica. Na avaliação dele, ainda que o nível da atividade volte a melhorar em meados do ano que vem, levará tempo para que o mercado de trabalho se recupere. “Com um índice de desocupação elevado, mesmo que a inflação caia um pouco, é difícil ver a população mais otimista. As pessoas não conseguem ficar felizes quando o bolso não vai bem”, acrescenta. Chantagens políticas Há ainda a corrupção. Não há como as pessoas comuns dissociarem o governo da roubalheira da Petrobras. O entendimento é de que Dilma e o PT transformaram o governo em um balcão de negócios no qual o único beneficiado foi o partido da presidente. Enquanto isso, as escolas estão sucateadas, a saúde não atende às necessidades básicas da população e a segurança pública é uma piada. Nas ruas, Dilma está sendo vista como um misto de Collor de Mello, deposto por ter montado no governo um brutal esquema de corrupção, com José Sarney, que traiu os eleitores ao liberar os preços retidos pelo Plano Cruzado logo depois das eleições que fizeram de seu partido, o PMDB, o grande vencedor da disputa. A partir daí, Sarney se tornou um morto-vivo, tendo de se render às chantagens políticas para se manter no cargo, e o país mergulhou de vez na hiperinflação. Dilma está tão próxima de Collor, que, neste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) terá queda superior a 2%, a maior desde 1990, quando a economia tombou 4%, devido à desastrosa política de confisco da caderneta de poupança. É possível que a petista, como o atual senador alagoano, venha a ser afastada do poder por meio do impeachment. Mesmo que isso não aconteça e que ela não renuncie, não há como esperar a recuperação do país. Mantida no Planalto, Dilma sangrará e o Brasil ficará condenado a ter mais uma década perdida.
Demissão e racionalidade » De novo, foram fortes os boatos sobre uma possível saída de Joaquim Levy do Ministério da Fazenda. Há quem diga que, dado o quadro atual, ele já não fará mais diferença. Mas, para Sílvio Campos Neto, da Tendências, Levy, a despeito de estar mais fraco, continua peça vital para garantir o mínimo de racionalidade no governo.
Investimento de R$ 30 milhões » A WTorre lançará, no primeiro semestre de 2016, seu primeiro projeto em Goiás. Em parceria com a Swiss Park, a empresa construirá um bairro planejado na Cidade Ocidental, município próximo à divisa com o Distrito Federal. O empreendimento ocupará um terreno de 670 mil metros² e deverá faturar mais de R$ 100 milhões. O investimento no projeto é de aproximadamente R$ 30 milhões.
Brasília, 00h10min