“Cada segundo dói”, diz mãe de menino que morreu em Portugal

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As três primeiras semanas de janeiro foram as piores da vida da amazonense Kamyla Karyny. “Cada segundo dói”, diz ela. A jovem perdeu o filho Thomás, de apenas 4 anos, em um acidente de carro na virada do ano, próximo a Coimbra, em Portugal.

Ela, o marido, Renato, e o garoto voltavam da queima de fogos, quando o veículo em que estavam foi atingido por outro, que vinha em alta velocidade. Os pais de Thomás o haviam levado para ver a celebração da chegada do ano-novo. Era um sonho do menino assistir à queima de fogos.

“Desde o dia em que eu lhe deixei naquele lugar (no cemitério) e ouvi o som da terra caindo (sobre o caixão), imploro pra Deus me dizer o que de fato ele quer com tudo isso”, afirma Kamyla, em um registro na sua rede social.

O corpo de Thomás foi enterrado em Manaus, onde nasceu, na presença da família. Ele morreu três dias depois do acidente e os pais doaram todos os órgãos dele. A transferência do menino para o Brasil só foi possível graças a uma vaquinha na internet. Entre a morte e o enterro se passaram 15 dias.

“Minha vida era você, meu mundo era você e, em questão de segundos, tudo mudou. Você não está mais do meu lado, não me chama mais de mamãe, não me dá mais beijinhos de boa noite ou de bom dia, não sinto mais o seu cheirinho”, lamenta a jovem.

Como toda mãe que enfrenta a enorme dor de enterrar um filho, Kamyla está sem chão. “Não sei o que vai ser da minha vida sem você. É egoísmo pedir para Deus para você voltar?”, indaga. “Estou completamento sem estrutura, sem chão. Ninguém está sentido mais essa dor do que eu.”

Tudo para Kamyla é saudade do filho Thomás. “Não vejo mais você escrevendo, pintando, cantando. Tiraram você de mim. Por favor, me ajude, porque cada segundo dói”, desabafa, emocionada.

Kamyla, Renato e Thomás moravam em Arganil, um pequeno distrito de Coimbra. O menino se mudou com a mãe para Portugal em setembro de 2022, aos três anos de idade. O pai já estava no país europeu havia um tempinho, esperando ansioso pelos dois.

A comoção com a morte de Thomás foi enorme tanto na cidadezinha em que ele viveu por pouco mais de um ano e em Manaus, onde ele nasceu. Será uma longa travessia para Kamyla e Renato amenizarem a dor da perda tão precoce do menino, se é que isso será possível.

Vicente Nunes