Os abusos nos preços dos combustíveis levaram os brasilienses a perderem a referência do que é caro e barato. Vários motoristas fazem filas em postos para abastecer os carros com gasolina a R$ 6,999 o litro. Dizem que, nesse valor, “está barato”.
“Rodei a cidade e, quando encontrei gasolina por menos de R$ 7, enchi o tanque”, diz Pedro Vasconcellos, 32 anos, motorista de transporte por aplicativos. “Nos últimos dias, vi gasolina por até R$ 7,599. Então, por R$ 6,999, ficou barato”, acrescenta. “Essa é a nossa realidade hoje”, emenda.
Alguns postos decidiram baixar ligeiramente os preços da gasolina nesta sexta-feira (12/11) para tentar atrair a clientela. O consumo caiu bastante nos últimos dias. Muita gente já não consegue mais tirar o carro da garagem por causa dos preços elevados.
“Estamos tentando liberar uma parte dos estoques”, diz um gerente de um posto. Ele reconhece que os postos ganharam “um bocado” nas últimas semanas, pois fizeram reajustes sem necessidade, aproveitaram a onda de remarcações para ampliar as margens de lucro. Agora, estão queimando um pouco dessa margem.
Mas, segundo gerentes, a tendência é de aumento de preços. Não há possibilidade de reversão forte no valor dos combustíveis nas bombas. O máximo que pode ocorrer é a Petrobras adiar os reajustes nas refinarias, para não comprar mais briga com o presidente Jair Bolsonaro.
Nos últimos 12 meses, a gasolina subiu mais de 70% nas refinarias e o diesel, cerca de 65%. Não por acaso, a inflação está em disparada e o Banco Central está sendo obrigado a elevar a taxa básica de juros (Selic). Os consumidores podem se preparar para tempos ainda mais difíceis.
Brasília, 20h11min