“O cenário pós-eleições mudou rapidamente e passou do otimismo o pessimismo. A expectativa de maior coesão no Congresso Nacional em virtude do maior índice de renovação de congressistas, e que poderia acelerar o processo de aprovação da reforma da Previdência, não se confirmou”, lamentou o economista-chefe Alex Agostini. Diante dessa frustração e dos indicadores nada favoráveis do IBC-Br, do Banco Central, considerada a prévia do PIB, ele prevê recuo de 0,45% no PIB do primeiro trimestre deste ano, em comparação com os três meses imediatamente anteriores. Além disso, acredita que as reduções nas previsões devem continuar e há “grande chance” de o PIB deste ano ficar abaixo de 1%. “Temos chances até de uma recessão técnica já no segundo trimestre”, alertou.
A recessão técnica é caracterizada quando o PIB recua por dois trimestres consecutivos, na comparação com os três meses anteriores. Acima de três trimestres de quedas seguidas, o país já entra em recessão propriamente dita. Há dois anos, o PIB brasileiro cresce apenas 1,1% e isso é muito pouco após o tombo entre 2015 e 2016.
As previsões da Austin em janeiro eram bem mais otimistas após o resultado das eleições e a expectativa positiva com o novo governo e a nova equipe econômica, com propostas liberais para dar o impulso ao PIB. A agência de classificação de risco brasileira estimava um avanço do PIB de 3%, neste ano, e de 3,4%, no ano que vem. Mas, diante desse quadro nada animador do ponto de vista econômico, Agostini e sua equipe apostam em uma ação do Banco Central como uma forma derradeira de estimular a economia. Eles reduziram a projeção para taxa de juros básica (Selic) para 5,75% no fim de 2019. Atualmente, ela se encontra em 6,5%, o menor patamar da história. “Na esteira deste cenário político desalentador, os agentes econômicos colocaram as barbas de molho e aguardam o desanuviar desse céu de incertezas”, resumiu.