O Brasil, com as mudanças de ventos nos EUA, infelizmente, ficará cada vez mais isolado no mundo com Jair Bolsonaro na presidência. O governante brasileiro não se encaixa nesse mundo mais plural, do diálogo, do multilateralismo, que prevalecerá com a posse de Biden em janeiro de 2021.
Bolsonaro é a antítese de Biden. É desagregador, negacionista, populista barato, oportunista e descomprometido com a verdade. É o retrato mais cruel de Donald Trump, que está sendo varrido do poder pelas urnas. Sim, os votos valem. E muito.
Por mais que Bolsonaro insista publicamente que nada mudará em seu governo com a chegada de Biden ao poder nos Estados Unidos, muita coisa terá que ser ajustada aos rumos tomados pela maior economia do mundo. O presidente brasileiro terá que fazer uma boa alteração em sua equipe se quiser sobreviver politicamente.
Muitos, sobretudo os defensores do governo, vão dizer que Bolsonaro tem apoio popular, que seu suporte junto à população vem crescendo. Mas o mundo será outro com a decretação da vitória de Biden nos EUA. As urnas americanas escancararam que a maioria da população, inclusive no Brasil, não aceita candidatos a ditadores.
Com Bolsonaro, o Brasil teve muitos retrocessos em questões como direitos humanos, diversidade e meio ambiente. É nesta área, por sinal, que o país sofrerá a maior pressão por mudanças. A Europa já vem cobrando ações concretas para que o Brasil ponha fim às queimadas desenfreadas. Agora, o coro será engrossado por Biden.
A subserviência de Bolsonaro a Trump e a veneração do presidente brasileiro pela indústria de fake news e de ataques à democracia transformaram o Brasil em uma republiqueta. Felizmente, em 2022, os brasileiros poderão acertar as contas novamente com a história, como fizeram os americanos.
O aviso já foi dado por muitos analistas: as mudanças no governo Bolsonaro vão começar, cedo ou tarde, pelas demissões dos ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e de Relações Exteriores, Ernesto Araújo. O presidente poderá bater o pé por um período, mas a birra passará e o pragmatismo prevalecerá. Questão de sobrevivência.
Brasília, 14h01min