A Bradespar, holding por meio do qual o Banco Bradesco é acionista da Vale, vendeu 10 milhões de ações da mineradora somente nos últimos 15 dias de novembro para fazer caixa. Faturou cerca de R$ 537 milhões.
Esse dinheiro será usado para abater o endividamento que a Bradespar foi obrigada a assumir para pagar R$ 1,410 bilhão ao grupo Opportunity, com o qual fez acordo depois de uma longa disputa na Justiça. A outra parte do acordo, no mesmo valor, foi honrada pela Litel, holding formada pelos fundos de pensão do Banco do Brasil (Previ), da Caixa (Funcef) e da Petrobras (Petros).
A perspectiva do mercado é de que, até o fim de dezembro, a Bradespar venda, no total, 30 milhões de ações da Vale, arrecadando R$ 1,5 bilhão. Se esse número for atingindo, a participação acionária da Bradespar na Vale cairá de 6,58% para 5,93%, pelos cálculos de especialistas. A Bradespar tem um acordo de acionistas com a Litel, que dá ao grupo controle sobre as decisões na mineradora.
Além de zerar seu endividamento, a Bradespar está correndo para vender ações da Vale neste fim de ano com o intuito de se aproveitar de uma compensação de imposto. Usará os prejuízos fiscais entre R$ 300 milhões e R$ 400 milhões que teve com o pagamento do acordo com o Opportunity para abater dos impostos que terá a pagar referentes aos ganhos com a venda de ações.
Com isso, acredita o economista Demétrius Borel Lucindo, a Bradespar ficará “limpinha” para pagar bons dividendos nos próximos anos. Ele afirma que o retorno aos acionistas da companhia em forma de dividendos poderá corresponder de 15% a 20% do preço das ações. Um excelente ganho.
A perspectiva do mercado é de que, ao longo do tempo, o Bradesco faça uma reestruturação e opte pela extinção da Bradespar. Mas não será um processo rápido, como é característica do banco sediado na Cidade de Deus, em Osasco.
Bradesco, 11h06min