ROSANA HESSEL
Apesar de revisar para cima as projeções do Produto Interno Bruto (PIB) de 2021, de 3,3% para 4,8%, o Bradesco optou por uma projeção mais conservadora do que as mais otimistas, de 5% ou mais, que pipocam no mercado. A justificativa foram as incertezas em torno do processo de vacinação contra a covid-19 e a inclusão do risco hidrológico, reconhecido na semana passada pelo governo e que colocou as chances de apagão no radar das estimativas.
“Não fosse pelas incertezas quanto ao quadro hidrológico e à própria pandemia, que ainda não estabilizou, a projeção poderia superar 5%”, destacou diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, Fernando Honorato, nesta terça-feira (01/06), após a divulgação do resultado do PIB do primeiro trimestre de 2021, quando a economia cresceu 1,2% na comparação com os três meses anteriores. A projeção do banco privado para o PIB de 2022 foi mantida em 2%, conforme o relatório do banco enviado aos clientes.
“A intensificação da pandemia sempre se configurou como um risco em nosso cenário. Aos olhos de hoje, entretanto, esse risco se mostrou superestimado, seja porque as empresas e famílias aprenderam a lidar com a pandemia, seja porque a mobilidade, na prática, caiu menos do que o esperado”, destacou o relatório elaborado por Honorato e sua equipe.
O economista destacou que o dado do PIB do primeiro trimestre confirmou a resiliência da economia brasileira. “Apesar do agravamento da pandemia, seus efeitos sobre o PIB têm sido limitados. Parte da razão se deve ao aprendizado das famílias e empresas em lidarem com a pandemia e, parte, aos fatores que já vínhamos destacando: crédito, geração de empregos formais e ciclo global de commodities.”
Devido à expectativa de que o crescimento maior da economia poderá ajudar a pressionar ainda mais a inflação, que está elevada, o Bradesco revisou também as previsões para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano, de 5,2% para 5,5%, ou seja, acima do teto da meta, de 5,25%. Para 2022, o banco ainda prevê alta de 3,5% no IPCA, o e 3,5% no próximo ano, o que, na avaliação da instituição, deverá levar o Banco Central a elevar a taxa básica de juros (Selic), de 5,75%, no fim deste ano, para 6,5%, em 2022.