ROSANA HESSEL
O Bradesco entrou no rol das instituições financeiras que passaram a prever crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro abaixo de 1% em 2022. A piora nas projeções da equipe liderada pelo diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos, Fernando Honorato, está relacionada com as mudanças na regrado teto de gastos, principal âncora fiscal do país. O banco manteve em 5,2% a estimativa de alta do PIB deste ano, mas reduziu de 1,6% para 0,75% e expectativa de expansão da economia no ano que vem.
Apesar de analistas do mercado não descartarem uma recessão em 2022, e bancos como o Itaú Unibanco prever queda de 0,5% do PIB no ano que vem, a equipe do Bradesco ainda mantém um certo otimismo em relação à economia brasileira. “Acho muito improvável uma recessão”, disse Honorato, em entrevista ao Blog.
No relatório divulgado nesta sexta-feira (5/11), Honorato faz um alerta para piora das condições financeiras devido à piora no cenário fiscal, como o aumento da incerteza, a depreciação da taxa de câmbio, queda da Bolsa e o aumento nas expectativas de juros futuros. O banco elevou as previsões para o dólar no fim do ano, de R$ 5,15 para R$ 5,50, no fim de 2021, e de R$ 5,60 para R$ 5,70, no fim de 2022. “A definição das linhas gerais da política econômica de 2022 e de 2023 poderá ter impacto significativo na cotação da moeda, em ambas as direções”, destacou o documento.
A projeção para a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano, passou de 9% para 9,4%. E, para o ano que vem, de 3,8% para 4,5%, mais perto do teto da meta, de 5%. Já a taxa de juros básica (Selic) deverá encerrar em 9,25%, neste ano, e em 10,25%, no ano que vem. Antes, as estimativas eram de 8,25% e 8,50%.
A equipe de Honorato não descarta a taxa Selic chegando ao pico de 11,75% ao ano ainda no primeiro trimestre de 2022, “devido à deterioração fiscal e à inflação”. “Os riscos seguem assimétricos para cima, mas nada nos parece suficiente para justificar uma aceleração do passo no aperto monetário”, ressaltou.
Enquanto piora as previsões macroeconômicas para o Brasil, o Bradesco manteve as estimativas de crescimento global de 6,1%, neste ano, e de 4,3%, no ano que vem.