ROSANA HESSEL
Após o Conselho Monetário Nacional (CMN) manter, na semana passada, o centro da meta em 3% a partir de 2024 até 2026 – com intervalos de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo dos limites de tolerância e adotar um sistema de meta contínua –, as expectativas de inflação do mercado começaram a ficar mais ancoradas.
O Bradesco divulgou, nesta sexta-feira (7/7), relatório mensal com redução das projeções de inflação para este ano e o próximo, passando de 5,6% para 4,8%, em 2023, levemente acima do teto da meta, de 4,75%. E, para 2024, a estimativa recuou de 3,8% para 3,6%.
De acordo com o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato, “o quadro para a inflação melhorou sensivelmente. Além do câmbio mais apreciado, as expectativas de inflação recuaram, respondendo à decisão do CMN pela manutenção da meta de inflação”, destacou. “ Esperamos que o IPCA termine o ano em 4,8%. No próximo ano, a inflação seguirá cadente e terminará em 3,6%”, acrescentou.
No relatório, Honorato destacou que o ciclo de queda da taxa básica de juros (Selic) deve começar na próxima reunião do Copom, no início de agosto. A equipe de analistas do Bradesco revisou as previsões para e Selic e agora prevê a taxa básica fechando 2023 em 12% ao ano. E, em 2024, deve ficar em 9,75%, “concluindo o ciclo de afrouxamento monetário com uma redução acumulada de 4,0 pontos percentuais”. Em junho, as estimativas para a Selic eram de 12,25%, neste ano, e de 10%, no ano que vem.
Honorato e sua equipe mantiveram as projeções do relatório anterior para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano e o próximo, de 2,1% e 1,5%, respectivamente. Conforme o documento, os últimos dados de atividade deste ano mostram uma economia desacelerando de maneira tímida, e, para o ano que vem, “a incerteza com o PIB ainda é elevada”.
“A agropecuária ainda deve contribuir positivamente para o PIB do segundo trimestre, ao passo em que o mercado de trabalho deve perder impulso. Assim, a economia deve avançar 2,1% em 2023. A incerteza com o PIB do próximo ano ainda é elevada. Por ora, mantemos a projeção em 1,5%”, destacou Honorato.
Diante da expectativa de aprovação do novo arcabouço fiscal, o esforço do governo se volta para a reforma tributária e para medidas que elevem a arrecadação podem ajudar o real a se valorizar e o dólar ficar abaixo dos R$ 5 previstos no relatório anterior, de acordo com o economista. “O crescimento do PIB, a diminuição do risco de solvência e reformas ganhando tração, são fatores que contribuem para a valorização dos ativos brasileiros. Por isso, entendemos que a moeda brasileira seguirá próxima de R$ 4,80 até o final do ano que vem”, acrescentou.
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