Bradesco melhora previsão de PIB, mas eleva novamente previsão de inflação

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ROSANA HESSEL

O Bradesco voltou a melhorar as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano pela terceira vez seguida elevando de 1% para 1,5% a estimativa de expansão da economia e manteve em 0,5% a previsão de avanço do PIB de 2023. Contudo, a equipe do banco liderada pelo economista Fernando Honorato, diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos, elevou de 6,9% para 7,5%, a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 12 meses até dezembro deste ano, passando para 3,9% no ano que vem, a mesma estimativa de abril, apostando em queda dos preços das commodities.

De acordo com Honorato, a atividade doméstica e a inflação “têm se mostrado mais resilientes do que o esperado”, o que motivou as revisões. “Entretanto, a inflação segue pressionada e disseminada. Diante de um ambiente de surpresas positivas com o mercado de trabalho, elevando os desafios de desinflação para o restante do ano, promovemos uma revisão na expectativa de IPCA de 2022 de 6,9% para 7,5%”, acrescentou.

“A inflação atrapalha o crescimento do PIB e retira renda real do trabalhador. Mas o que está fazendo crescer o PIB agora é o emprego melhor do que o esperado, as commodities em alta ajudando empresas do setor e os estímulos do governo, como o saque emergencial do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço)”, explicou Honorato. Pelas estimativas do economista, o carregamento estatístico do PIB de 2021 para o de 2022 é de 0,3%.

“A dinâmica da inflação continuou piorando. Além dos impactos dos choques de commodities sobre os preços, também estamos observando os efeitos de segunda ordem se disseminando sobre os preços de
bens e serviços, o que tem mantido os núcleos pressionados”, destacou o relatório.

Em relação ao câmbio o Bradesco manteve a projeção de R$ 5,10 para o dólar no fim de 2022 e de 2023. Segundo o economista, há vetores influenciando o real em ambas direções, mas, por ora, essas projeções parecem equilibrar essas forças. “A síntese do cenário é desafiadora para o Banco Central”, alertou o relatório da instituição financeira.

Após a última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa básica da economia (Selic), de 11,75% para 12,75% ao ano, o comitê expressou a possibilidade de promover outra alta de juros. Pelo entendimento dos economistas do Bradesco o BC deverá encerrar o ciclo de política monetária com os juros básicos em 13,25%, “mantendo os juros nesse patamar por um longo período”. O Bradesco manteve em 9% a previsão para a Selic de 2023.

Pelas projeções do Bradesco para a economia global deverá crescer 3,4%, neste ano, e 3,25%, no ano que vem, ou seja, o Brasil continuará crescendo menos do que o resto do mundo, que também devem ter uma expansão menor devido às pressões inflacionárias.  “A economia global será marcada por menor crescimento em meio a pressões inflacionárias persistentes. Nos parece bastante provável que a alta de juros em vários países e a deterioração das condições financeiras levarão, em algum momento, a uma correção nos preços das commodities e na inflação e ao reequilíbrio entre oferta e demanda por bens e serviços. Mas, o timing desses ajustes segue bastante incerto e a correção para o novo equilíbrio pode não ser suave, fazendo com que a volatilidade dos mercados persista elevada”, alertou o documento da instituição financeira.

Vicente Nunes