Bradesco está mais otimista do que o governo e vê queda de 4,5% do PIB

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ROSANA HESSEL

O Bradesco acaba de revisar de 5,9% para 4,5% a estimativa de queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020, devido à pandemia de covid-19. Com essa nova previsão, o banco privado passou a ficar mais otimista do que o governo.

A equipe econômica manteve as projeções e continua prevendo retração de 4,7% no PIB deste ano. Enquanto isso, a mediana das expectativas do mercado para a retração da economia passou de 5,95% para 5,77% nesta semana, conforme dados do boletim Focus, do Banco Central. Em 3 de julho, o Itaú Unibanco manteve a previsão de queda de 4,5% no PIB, por considerar que o fundo do poço da atividade ocorreu em abril.

Já o Fundo Monetário Internacional (FMI), que sempre fazia estimativas otimistas para os países até a crise financeira de 2008 e 2009, agora passou a ser o mais pessimista do mercado, pois prevê retração de 9,1% no PIB brasileiro neste ano.

O cenário vai se desenhando “menos negativo” que o esperado e a contração da atividade global “deve ser menos intensa neste ano”, segundo projeções do Bradesco.

“Os dados de atividade seguem surpreendendo positivamente, sugerindo um recuo menos intenso do PIB neste ano. Além da melhora em diversos indicadores, há sinais de alguma estabilização no ritmo de disseminação da doença, reduzindo os temores de uma segunda onda”, informou a nota da equipe de pesquisas do banco privado.

Para 2021, a instituição está prevendo crescimento de 3,5%. “A produção industrial e as vendas do varejo têm confirmado o movimento mais forte de melhora dos índices de confiança”, informou o documento que prevê um ajuste “mais moderado” nas contas externas. A taxa de câmbio para o dólar prevista para o fim do ano está em R$ 5,1.

A estimativa de inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o fim do ano está acima da medida do Focus, de 1,6%. O Bradesco prevê o IPCA fechando 2020 em 1,9%, passando para 3,1%, em 2021

O banco ainda prevê que a Selic, taxa básica da economia, continue em 2,25% até o fim do ano, passando para 3%, no fim do ano que vem. “O balanço de riscos continua sugerindo cautela para este ano. Em 2021, com uma aceleração mais forte do crescimento no Brasil e no mundo, diminuição da incerteza (e com ganho de importância ao longo do ano das projeções de 2022 para o cenário prospectivo do BC) esperamos o início da normalização da política monetária na direção do juro neutro”, destacou o banco.

A projeção do Bradesco para a contração do PIB mundial em 2020 também melhorou. Passou de queda de 4% para 3,6%. Para 2021, a estimativa do banco é de avanço de 3,5%, “ligeiramente acima do padrão de crescimento dos últimos anos”.

Vicente Nunes