“O crescimento mundial tem sido mais heterogêneo, se refletindo em um dólar mais forte frente a algumas moedas emergentes, inclusive o real”, afirmou o documento da equipe do Bradesco. A instituição espera que a aprovação da reforma da Previdência Esperamos ocorra no segundo semestre, levando o câmbio para algo em torno de US$ 3,80.
O banco ainda aposta em uma redução de juros na segunda metade do ano porque “há espaço para cortes” e prevê a Selic (taxa básica da economia) em 5,75% no último mês do ano. “Embora o cenário econômico nos Estados Unidos pareça favorável, não se pode dizer o mesmo do desempenho da atividade no resto do mundo. Na Europa, os dados recentes continuam sugerindo um fraco crescimento da região. Na China, o recrudescimento das tensões comerciais com os Estados Unidos colocam em dúvida a capacidade do governo sustentar o crescimento do PIB próximo a 6%”, apontou o relatório.
Assim como no ano passado, as previsões do mercado em relação à retomada da economia brasileira estão sendo cortadas consecutivamente. A mediana das estimativas está em 1,49%, praticamente metade do esperado no fim do ano passado. E, para piorar, esse movimento de revisões está acontecendo no primeiro semestre, sinalizando que a expansão do PIB de 2019, se houver, poderá ser inferior à dos anos anteriores. Em 2018, a frustração ocorreu depois da greve dos caminhoneiros estourada no fim de maio e as revisões acabaram ocorrendo na segunda metade do ano.
Sem euforia
As previsões cada vez piores do mercado confirmam que a euforia após a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições de outubro de 2018 acabou. Os operadores que no fim do ano passado apostam que o Índice Bovespa passaria dos 120 mil pontos colocaram as barbas de molho e hoje torcem para que o indicador fique entre 94 mil e 95 mil pontos. A reforma da Previdência mesmo se aprovada neste ano não conseguirá mudar as expectativas para 2019, avisam analistas.
A perda do otimismo tem a ver com a frustração na atividade econômica e a piora da confiança em meio às trapalhadas do novo governo que estão se sobrepondo às iniciativas de colocar em prática a agenda econômica de reformas estruturais. Não faz sentido, por exemplo, um ministro da Educação, que é economista, errar até uma simples conta de porcentagem. Isso ultrapassa qualquer amadorismo e só ajuda a espantar investidores sérios, que buscam aplicar a prazos longos, gerando emprego de verdade.
Resta saber como é que o governo vai conseguir administrar o orçamento deste ano com um crescimento inferior aos 2,2% que estão sendo previstos atualmente. Novos cortes virão. A equipe econômica tem sinalizado que gosta de trabalhar com a previsão do mercado, mas tudo indica que o que o mercado prevê atualmente já não vai se concretizar, ou seja, mesmo se o governo reduzir de 2,2% para 1,5%, o governo continuará com frustração de receita.