”Se tiraram da cadeia o maior canalha da história do Brasil, se para esse canalha for dado o direito de concorrer, o que me parece é que, se não tivermos o voto auditável, esse canalha, pela fraude, ganha as eleições do ano que vem”, disse Bolsonaro, neste sábado (15/05) a ruralistas convocados por ele a se manifestarem em Brasília.
Ao atacar Lula, dizendo que, se o ex-presidente vencer a disputa eleitoral, é porque o pleito foi roubado, Bolsonaro busca incutir nos seus seguidores a mesma mensagem de Trump quando ficou claro que ele seria derrotado por Joe Biden. O presidente está certo de que esses apoiadores estão pouco se lixando para os seus erros, pois se identificam com o que de pior ele representa.
“O maior poder não é o Judiciário, Legislativo, Executivo. O maior poder são vocês. O momento estava duro. Não desafiamos ninguém. Não queremos o confronto com ninguém, mas não ousem confrontar ou roubar a liberdade do nosso povo”, diz, repetidamente, Bolsonaro.
Por trás da falsa imagem de possível injustiçado, há um Bolsonaro desesperado. Ele está morrendo de medo da CPI da Covid, como o general Eduardo Pazuello, que recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ficar calado. Mais: o tom raivoso do presidente trai o seu pânico pelo risco da derrota.
Que fique claro: todo o discurso de Bolsonaro remete à malandragem de milicianos, da intimidação, não à malandragem da política com P maiúsculo. E se beneficia do fato de o pior da sociedade brasileira, extremamente conservadora e preconceituosa, que estava enrustida até 2018, ter se sentido fortalecida para mostrar a cara.
Essa parcela da população sempre existiu, só tinha vergonha de se expor. Está em toda parte, na nossa família, nas nossas amizades, na nossa vizinhança. Bolsonaro, por um destino infeliz do Brasil, libertou esse povo. Como diz um integrante do Palácio do Planalto, “ele é adorado pelo que representa, não pelo governo que faz. Pode errar a vontade”.
Brasília, 19h53min