Bolsonaro sai do governo de forma covarde. Ao não reconhecer sua derrota eleitoral e não seguir os ritos da transmissão de cargo, como prevê a Constituição, reforça que nunca teve a estatura necessária para comandar um país como o Brasil, com tantas demandas sociais. Em seu desgoverno, a fome voltou. O número de pobres é hoje o maior da história. A educação, com ministros medíocres, regrediu de tal forma que levará anos para ser reconstruída.
Na saúde, o desastre é assustador. Por conta de seu desrespeito à população, jamais admitiu a gravidade da pandemia do novo coronavírus, que matou quase 700 mil brasileiros. Bolsonaro debochou das famílias que perderam entes queridos. Atrasou o quanto pode a compra de vacinas. Espalhou fake news criminosas a fim de desacreditar a ciência. Inundou o país de armas. Há mais de 1 milhão de cidadão armados sem qualquer critério.
O desprezo de Bolsonaro pelos cidadãos brasileiros resultou em um país dividido, com grupos de radicais pregando golpe militar e volta da ditadura. Incitou até o limite as Forças Armadas a se engajarem em aventuras autoritárias. Seu comportamento inaceitável estimulou o surgimento de grupos terroristas, que chegaram ao ponto de colocar uma bomba nas imediações do aeroporto de Brasília para matar inocentes no dia de Natal.
O quase ex-presidente brasileiro pode até acreditar que ainda voltará aos braços do povo em 2026, apostando no fracasso do terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, que será empossado em 1º de janeiro de 2023. Mas a história há de ser justa e colocá-lo no lugar que merece, o ostracismo. Mesmo seus seguidores fanáticos não escondem a decepção com a forma com que ele abandou o barco, covardemente.
O “mito” caiu por terra. Bolsonaro foi um erro que o Brasil jamais poderá repetir. Aliados do ex-capitão do Exército, do qual foi expulso, já se preparam para ocupar o espaço aberto na direita brasileira. Nenhum deles quer associar a imagem a quem, provavelmente, voltará a ser um anão político, se o bom senso prevalecer e o país retornar à normalidade. Bolsonaro não cabe em um país civilizado. A Justiça, por sinal, está pronta para acertar as contas com ele. É questão de tempo.