A decisão do Alto Comando do Exército de arquivar o processo administrativo contra o general Eduardo Pazuello, que feriu o Estatuto Militar ao participar de um comício politico em favor do presidente Jair Bolsonaro, é mais um ato de agradecimento ao governo.
Desde que Bolsonaro tomou posse, os militares são o grupo mais privilegiado do país. Tiveram aumentos espetaculares de salários quando a maioria da população via a renda cair. Os reajustes continuaram, inclusive, durante a pandemia de covid-19.
Ficaram de fora da reforma da Previdência. Na verdade, ganharam benefícios ainda maiores para quando forem para a reserva enquanto o grosso dos trabalhadores perdeu direitos e teve o sonho da aposentadoria adiado por anos.
Recentemente, por determinação do presidente da República, o Ministério da Economia ultrapassou os limites da Constituição e mudou as regras de cálculo dos salários do servidores para efeito do teto constitucional. Foi criado o teto duplex.
E os maiores agraciados foram, justamente, os militares. O presidente teve aumento no contracheque, assim como os ministros da Defesa, Braga Netto, e da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos — este, com reajuste de 69%.
Para especialistas, diante de tantas benesses e de mais de 6 mil cargos no governo — isso é o que se sabe —, não haveria como os militares se voltarem contra o governo. Pelo contrario, a determinação é fazer tudo o que Bolsonaro quiser.
Inclusive, como ressalta um general da reserva, levar o Exército à desmoralização. Ao não punir Pazuello, o Alto Comando da Força abriu as portas para a anarquia dentro dos quarteis. “Como se viu, tudo tem seu preço”, diz.
Brasília, 16h31min