O presidente Jair Bolsonaro comandou, nesta terça-feira (10/08), um verdadeiro show de horrores na Esplanada dos Ministérios. Ao ordenar um desfile de blindados de guerra velhos, soltando fumaça escura, cometeu um atentado à população, que sofre com a inflação em disparada, os juros em alta, o desemprego recorde, a crise hídrica e uma pandemia que continua matando muita gente.
Ao reunir asseclas no Palácio do Planalto, o presidente tentou dar uma demonstração de força que não tem. É rejeitado pela maioria do eleitorado, além de ser visto como mentiroso e incapaz para o cargo. Bolsonaro, ultimamente, só fala para radicais malucos. Ninguém de bom senso o apóia mais. Nem no mercado financeiro, que o insuflou por muito tempo.
É constrangedor ver as Forças Armadas apoiando as bizarrices de Bolsonaro. É verdade que boa parte dos fardados de altas patentes da ativa não compartilham das loucuras do chefe do Executivo. Mesmo o comandante do Exército, general Paulo Sérgio, que esteve no circo montado pelo Planalto, é crítico da obsessão do presidente de usar as Forças Armadas para tentar intimidar seus opositores.
Hoje, os principais militares a apoiarem Bolsonaro em movimentos golpistas são os generais Braga Netto, ministro da Defesa, e Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria-Geral da Presidências. Os dois estão inebriados pelo poder. E não querem largar as boquinhas que lhes rendem quase R$ 70 mil por mês, ainda que tenham de patrocinar um golpe militar.
Arroubos autoritários
O desfile vazio na Esplanada foi o exemplo mais claro de que a população não aceita os arroubos autoritários de Bolsonaro. Está mais preocupada em resolver seus problemas imediatos, como a inflação que chegou a 0,96% em julho, a maior para o mês desde 2002. Famílias desempregadas estão sendo despejadas, sendo obrigadas a viverem nas ruas.
Infelizmente, o Brasil não tem hoje um presidente da República, um governante que lute pelo bem-estar do povo. O que se vê é um arremedo de ditador, que só está preocupado com sua reeleição e em proteger aqueles que abaixam a cabeça para suas loucuras. O Brasil está derretendo. A desconfiança é geral, a ponto de derrubar as projeções de crescimento econômico para 2022.
Tomara que a Câmara dos Deputados tenha juízo e, para o bem do país, enterre de vez a PEC do voto impresso. O Brasil não aceita retrocessos. Melhor deixar Bolsonaro vivendo numa bolha, em que a mentira é rotina. Bolsonaro apodreceu. Só ele não se deu conta disso.
Brasília, 12h01min