Bolsonaro inicia diálogos com deputados do PSL para definir papel de aliados

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RODOLFO COSTA

Passada a agitação da reforma da Previdência, o presidente Jair Bolsonaro retoma o foco à base do PSL no Congresso mirando o segundo turno da votação e o pós-Previdência. É um passo importante para montar estratégias e ouvir mais do que falar. Afinal, alguns correligionários ficaram na bronca por defender a ele e o governo em todo o período de tramitação da matéria na Comissão Especial e no Plenário sem um afago ou diretrizes bem estabelecidas. Para acertar os próximos detalhes, ele se reúne nesta terça-feira (16/7) com a deputada Carla Zambelli (PSL-SP).

A parlamentar é uma das que mais defendeu o governo e se desgastou no processo de votação da reforma. Fundadora do Nas Ruas, um dos principais movimentos de rua, ela usou a influência para se posicionar a favor da reforma e até do destaque do Podemos, que previa aposentadoria especial aos policiais. O empenho rendeu diálogos acalorados com representantes mais críticos da Polícia Federal (PF) — que chamaram Bolsonaro de traidor — e foi reconhecido por deputados do PSL ligados à bancada da segurança pública.

Mesmo com o esforço de Carla, deputados da bancada e assessores da parlamentar dizem que ela tem dúvidas sobre o papel no Congresso. Esse teria sido um dos motivos do pedido da reunião com Bolsonaro. “Ela foi uma das principais incentivadoras das manifestações a favor do governo no dia 30 de junho, quando a reforma ainda estava na Comissão Especial. E não tem tido a mesma deferência por parte do presidente. Vai ser uma reunião em um momento oportuno para alinhar as estratégias”, declarou ao Blog uma pessoa próxima.

O exemplo da deputada se repete na bancada. Outros deputados do PSL questionam o papel exercido no partido e pediram algum espaço na agenda com Bolsonaro. Motivos de preocupação não faltam. Sem uma base formada, o governo continuará dependente da bancada pesselista para apoiar o Executivo em um pós-Previdência com matérias importantes em tramitação na Câmara, como reforma tributária, e um Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) permanente.

Vicente Nunes