“Bolsonaro está o cão com a derrota nas urnas”, diz funcionário do Planalto

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Gente graúda que trabalha no Palácio do Planalto diz que há muito tempo não vê o presidente Jair Bolsonaro tão irritado. Ele não se conforma de ter levado uma sova tão grande nas eleições municipais. “Bolsonaro está o cão com a derrota nas urnas”, diz um funcionário que trabalha próximo ao gabinete presidencial.

O presidente, segundo assessores, acredita que conseguiria eleger a maior parte dos candidatos que apoiou publicamente — ele chegou a postar uma lista com nomes de sua preferência nas redes sociais, mas apagou o post depois de divulgados os resultados das disputas para prefeitos e vereadores.

Com o discurso de que precisava derrotar a esquerda, Bolsonaro criou seu “horário eleitoral gratuito” e pediu votos para 59 candidatos, sendo um ao Senado, na eleição suplementar em Mato Grosso, 13 para prefeitos e 45 para vereador. O resultado final foi 45 derrotados, 12 eleitos e 2 candidatos a prefeito no segundo turno.

“O presidente estava certo de que seu poder de transferência de votos era grande. Ele ficou muito confiante depois que as pesquisas mostraram um contínuo crescimento de sua popularidade, por causa do auxílio emergencial”, ressalta o mesmo funcionário do Planalto. “As urnas, no entanto, o traíram”, acrescenta.

Força política

Os mais próximos do presidente dizem que não dá para desqualificar o poder eleitoral dele, uma vez que, nas eleições municipais, pesam muito as questões locais. Portanto, para esse grupo, Bolsonaro continua muito competitivo. “Se as eleições presidenciais fossem hoje, ele teria boas chances de ser reeleito”, frisa um assessor próximo do presidente.

O certo, porém, é que Bolsonaro sentiu — e muito — o golpe. E está se movimentando para montar estratégias a fim de manter o capital político que acredita ter. Nos últimos dois dias, ele conversou muito com líderes políticos para entender o que aconteceu nas urnas e que para onde deve seguir.

Um dos caminhos a ser seguido pelo presidente é o de se filiar a uma legenda para tirar proveito da estrutura partidária. Ele sabe que o Aliança do Brasil, que tentou criar, está fadado ao fracasso. Outro ponto em discussão: acelerar o anúncio de um substituto do auxílio emergencial. A ideia é fazer o anúncio antes do Natal.

Brasília, 19h36min

Vicente Nunes