Houve uma brusca corrida por dólar, como proteção, e venda forte de ações no pregão paulista. Com isso, a moeda norte-americana encerrou a quarta-feira (26/08) cotada a R$ 5,616, com alta de 1,62%, e a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) cedeu 1,46%, para os 100.627 pontos. No pior momento do dia, a queda da Bolsa superou os 2%.
O sinal emitido pelos investidores foi claro: ao queimar Guedes e equipe em praça pública, Bolsonaro indicou que o ministro já não é mais unanimidade em sua equipe. Nos bastidores do governo, o presidente faz questão de deixar isso claro.
O encanto de Bolsonaro por Guedes acabou quando o ministro disse que o chefe poderia sofrer um processo de impeachment se continuasse ouvindo os ministros “fura-teto”, numa analogia ao aumento de despesas desrespeitando o teto de gastos.
Presidente mira reeleição
Bolsonaro, que estava em Ipatinga, Minas Gerais, em mais um evento mirando a reeleição em 2022, foi enfático nas críticas a Guedes: “Ontem (terça-feira, 25/08), discutimos a possível proposta do Renda Brasil. E eu falei: está suspenso. Vamos voltar a conversar. A proposta, como a equipe econômica apareceu para mim, não será enviada ao Parlamento. Não posso tirar de pobres para dar a paupérrimos. Não podemos fazer isso aí”.
Na avaliação de parte do mercado, a interpretação foi a de que Bolsonaro pode se render ao populismo e agravar ainda mais as contas públicas, que sofreram um baque com a pandemia do novo coronavírus. Teme-se que os compromissos fiscais defendidos pela equipe de Guedes sejam rasgados.
Na Esplanada dos Ministérios, as apostas já estão na mesa sobre até quando Guedes ficará no governo. A convicção é de que o Posto Ipiranga está enfraquecido e não deve suportar ser fritado em praça pública. Daqui por diante, todos os gestos e palavras de Bolsonaro em relação a Guedes serão interpretados com lupa. A volatilidade dos ativos será grande. Haja, coração.
Brasília, 17h35min