Bolsonaro é o maior estorvo para a economia, dizem técnicos do governo

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Técnicos do governo, que já passaram por momentos difíceis em outras administrações, dizem que o presidente Jair Bolsonaro é hoje o maior estorvo para economia do país. Para eles, o descaso de Bolsonaro com a pandemia do novo coronavírus está afastando investidores estrangeiros do Brasil e minando a confiança entre os agentes econômicos internos.

“O mundo inteiro enfrenta dificuldades por causa da covid-19, mas são poucos os lugares em que um presidente da República trabalha, dia e noite, para criar instabilidades politicas como no Brasil”, ressalta um dos técnicos, que atua no Ministério da Economia.

“Infelizmente, Bolsonaro se transformou num garoto-propaganda às avessas. Promove a fuga de capitais em vez de atrair recursos”, acrescenta.

Todos os técnicos ouvidos pelo Blog asseguram que o Brasil poderia está passando melhor em meio à pandemia do novo coronavírus, não fossem a maior fonte de incertezas estar plantada no Palácio do Planalto.

“Além de não reconhecer a gravidade da covid-19, Bolsonaro destrói todos os pilares de segurança aos olhos dos investidores. O que o presidente está fazendo com o ministro Paulo Guedes é uma barbaridade”, acrescenta outro servidor com assento estratégico na Esplanada.

Reajustes a servidores

No entender dos técnicos, Bolsonaro praticamente destruiu a capacidade de liderança de Guedes. E isso ficou claro na questão do congelamento de salários dos servidores. A única condição imposta pelo ministro da Economia para apoiar o projeto de socorro a estados e municípios foi a suspensão de aumentos para o funcionalismo até o fim de 2021.

Pois partiu do próprio Bolsonaro a determinação para que o líder do governo na Câmara, deputado Vítor Hugo (PSL), convencesse seus pares a derrubar a proposta de congelamento e deixar as portas abertas para aumentos nos contracheques dos servidores. Bolsonaro não quis comprar briga com as forças de segurança.

Agora, o presidente da República disse que vetará a possibilidade de reajustes dos salários a pedido de Guedes. Mas já avisou que o Congresso pode derrubar o seu veto, ou seja, deu a senha para que o Centrão, grupo fisiológico que agora dá sustentação ao governo no Parlamento, passe as pernas novamente no ministro da Economia.

“Quando os investidores se deparam com esse histórico de traição a uma figura fundamental do governo, que representa um ponto de equilíbrio, uma onda de desconfiança geral em relação ao governo passa a tomar conta das decisões na economia”, destaca um terceiro técnico.

Nesse quadro caótico, com um presidente imprevisível e traiçoeiro na visão de sua própria equipe, o Brasil poderá encerrar o ano com tombo de mais de 8% do Produto Interno Bruto (PIB) e taxa de desemprego próxima de 18%.

“As crises políticas provocadas por Bolsonaro farão com que o Brasil se recupere muito mais lentamente do que o mundo depois que a pandemia der uma trégua”, frisa outros servidor.

Brasília, 16h05min

Vicente Nunes