Bolsonaro cumpre promessa e mobiliza governo a impedir demarcação de terra indígena em MT

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RODOLFO COSTA

O presidente Jair Bolsonaro está cumprindo à risca com o compromisso de não deixar ampliar um metro a mais de reservas ambientais, indígenas ou quilombolas. Em café da manhã com a bancada do Mato Grosso, nesta quinta-feira (29/8), ele ordenou que o titular da Advocacia-Geral da União (AGU), André Mendonça, acompanhasse a comitiva em reunião extraordinária convocada junto ao presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, para às 17h de hoje, a fim de discutir a não demarcação de uma terra indígena na comunidade de Jarudore, que, no entendimento do Ministério Público Federal (MPF), ocupa uma terra indígena na região de Poxoréu, próximo de Rondonópolis (MT).

O presidente da Funai cumpria viagem em São Paulo. Na agenda oficial divulgada no site da autarquia, não consta a previsão de retorno a Brasília. No entanto, sob ordem de Bolsonaro, ele antecipou o retorno, com desembarque previsto para às 16h30. Tudo para atender juntamente com Mendonça a bancada mato-grossense. O coordenador da comitiva, deputado federal Neri Geller (PP), explica que cerca de 4 mil pessoas não indígenas estão sendo ameaçadas de despejo na comunidade, considerada território indígena.

A ordem de desocupação atende a uma decisão judicial relativa a uma ação civil pública proposta pelo MPF, que determinou a reintegração de posse de terra por indígenas da etnia Bororo na terça-feira da semana passada (20/8). A AGU, em conjunto com a Funai, trabalham, agora, por uma pacificação em relação ao assunto. No entanto, a ordem máxima, estabelecida por Bolsonaro, é por não fazer a demarcação. “Tem produtores com registros de imóveis na comunidade sendo ameaçados de despejo. Precisamos superar isso de forma jurídica”, ponderou Geller ao Blog.

Desenvolvimento sustentável

O presidente sustenta que 14% do território brasileiro atende aos povos indígenas e que, por isso, não demarcará uma única terra indígena. Para ele, é preciso rediscutir a política ambiental de modo a desburocratizá-la e flexibilizá-la a fim de atender ao desenvolvimento sustentável. A exploração econômica com preservação ambiental é defendida por ele inclusive na Amazônia, que tem o Mato Grosso como um dos nove estados integrantes da Amazônia Legal.

A retórica defendida pelo governo de que a exploração sustentável ajuda a proteger o meio ambiente é endossada por Geller. A avaliação é de que o desmatamento ilegal acontece nas áreas em que há interesse para o desenvolvimento da atividade econômica. Havendo um equacionamento entre economia e sustentabilidade, ele avalia que é possível até evitar os incêndios. “Onde tem produção no nosso estado não tem queimada ilegal”, destacou o parlamentar.

Vicente Nunes