Em todas as indagações feitas pelos parlamentares, o hacker respondeu que o respaldo para que ele cometesse crimes partia do ex-presidente. Foi dele o pedido para que Delgatti criasse um código fonte malicioso para uma urna, emprestada da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que simularia uma fraude em votação. A urna seria exibida em 7 de setembro de 2022.
Foi Bolsonaro, também, que propôs que o hacker assumisse um grampo que já teria sido feito por “agentes do exterior” no telefone do ministro Alexandre de Moraes. O ex-presidente garantiu, inclusive, que, se Delgatti você preso, mandaria prender o juiz.
Bolsonaro ainda prometeu dar um indulto ao hacker, caso ele fosse pego tentando fraudar as urnas eletrônicas. Todas as promessas de Bolsonaro a Delgatti foram feitas ao longo de cinco reuniões e em ligações telefônicas.
A intermediação entre Bolsonaro e hacker ficava por conta da deputada Carla Zambelli (PL-SP).
Delgatti apresentou uma série de nomes que auxiliaram Bolsonaro na tentativa de golpe: o marqueteiro Duda Lima, que queria exibir a urna fake no 7 de setembro; o coronel Marcelo Jesus, que fazia a ponte entre o hacker e o então comandante do Exército, Freire Gomes; o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Oliveira; e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
É importante ressaltar que toda a estrutura do golpe, que se arrastou por meses, culminou com a tentativa de invasão do prédio da Polícia Federal, em dezembro do ano passado, e a destruição das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro último.
Com toda as revelações de Delgatti e as provas colhidas pela Polícia Federal, Bolsonaro, que já está inelegível, poderá ir para a cadeia. O ex-presidente, como líder maior do Brasil, teria sancionado um criminoso a trabalhar a favor de um golpe de Estado, cujo maior beneficiário seria ele, Bolsonaro.