A escolha do indicado à Procuradoria-Geral da República (PGR) deve sinalizar com quem o presidente Jair Bolsonaro está mais alinhado. Em um cenário em que todos os nomes cotados estão em meio a um fogo cruzado, provocado por acusações e críticas — externas e internas no Ministério Público Federal (MPF) —, está mais claro para aliados, líderes e ministros do governo que a dificuldade na definição reside em quem terá o maior poder de influência junto ao chefe do Executivo.
O presidente tem sido muito aconselhado e recebido subsídios de diferentes frentes. Cada um apoia um candidato diferente. Como Bolsonaro disse que o futuro titular da PGR será a “dama” do tabuleiro de xadrez do governo, a definição de um nome sugerido por um aliado mostra o peso que ele tem junto ao capitão reformado.
Mesmo fritado em um primeiro momento por aliados de Bolsonaro no Congresso, o subprocurador-geral Augusto Aras tem o respaldo do ex-deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF), presidente do diretório distrital do partido, e continua bem cotado na “bolsa de apostas”.
O Blog conversou com Fraga na chegada dele, a sós, ao Palácio do Planalto, nesta quinta-feira (5/9). Disse que foi chamado diretamente por Bolsonaro para uma reunião. E bancou que Aras é o nome mais cotado, ao rechaçar a possibilidade de indicação da atual procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e do subprocurador-geral Antonio Carlos Simões Soares. “O nome é o Aras, mas vamos esperar o presidente decidir”, destacou.
Amigo de Aras e de Bolsonaro, Fraga intermediou duas reuniões entre os dois no sábado (31/8) e na quarta-feira (28/8). O presidente, no entanto, também tem outros bons relacionamentos. A exemplo dos 15 anos de convívio com o ministro-chefe da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira. O auxiliar se reuniu com Dodge em cerca de 15 ocasiões desde que o chefe do Executivo iniciou as entrevistas com indicados à PGR.
Como o Blog mostrou ontem, no que depender de Jorge, Dodge será reconduzida. Mas o boicote a ela feito por seis procuradores integrantes da força-tarefa da Lava Jato na PGR, com entrega de cargos, é visto por alguns como um revés à recondução. De qualquer maneira, há, ainda, outros nomes no páreo. Como Simões, apoiado por parte dos militares e pelo senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), primogênito do presidente.
Outra ala dos militares sugere a Bolsonaro o procurador regional Lauro Cardoso. Um dos apoiadores dele é o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO). O perfil dele é um dos que mais agrada o chefe do Executivo federal, mas pesa contra ele não ser um subprocurador. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, tem alertado o Planalto a respeito da possibilidade de indicação de um procurador regional. Na Corte, não é algo bem visto.
Assim como estão divididas as frentes de apoio a um indicado à PGR, a previsão de anúncio também. No Planalto, circulava até quarta-feira (4/9) a possibilidade de o anúncio ser realizado na próxima semana, mesmo depois de Bolsonaro ser submetido a uma quarta cirurgia, no domingo (8/9), após a internação na noite de sábado (7/9) no Hospital Vila Nova Star. Ao Blog, Fraga garante que o anúncio será feito ainda nesta quinta.