Bolsonaro acredita que, passado pelo teste de demitir Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde em meio à pandemia do novo coronavírus, pode agora dar andamento a seu projeto de eliminar “as estrelas” do governo.
O presidente acredita que, quase um ano e meio após tomar posse, construiu uma imagem forte, que se sustenta sem qualquer pilar. Moro era visto como suporte para apoio popular ao governo, sobretudo nas redes sociais. Guedes dava garantia aos investidores em relação à política econômica.
Para se desfazer de Moro, Bolsonaro foi na veia. Disse ao ministro que decidiu trocar o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. A mudança, segundo o presidente, deve ocorrer nos próximos dias. Imediatamente, Moro afirmou que, se Valeixo sair, ele também deixará o cargo.
Não é de hoje que Bolsonaro anda assanhado para tirar Moro do governo. Antes de ir a uma viagem à China, ele ameaçou dividir o Ministério da Justiça e Segurança em dois. Diante da reação negativa da medida que esvaziaria Moro, o presidente acabou recuando.
Ineficiência
Quanto a Paulo Guedes, o presidente está irritado com o que considera inação do ministro em meio à pandemia da Covid-19. Bolsonaro acredita que Guedes não respondeu à altura às necessidades do país. O “Posto Ipiranga” está próximo de fechar as portas.
O presidente ficou ainda mais irritado quando o ministro disse que, por ele, ficava em casa para se proteger do novo coronavírus, contrariando o pensamento do chefe, de que o isolamento social neste momento é uma bobagem.
O descaso de Bolsonaro com Guedes ficou explícito quando descartou o subordinado na elaboração do Plano Pró-Brasil, anunciado na quarta-feira (22/04) pelo ministro da Casa Civil, Braga Netto. Nem Guedes e nem integrantes da equipe dele participaram da entrevista coletiva no Palácio do Planalto.
Ao mesmo tempo em que vai tentando se desfazer de Moro e de Guedes, Bolsonaro se aproxima do que há de pior na política. Ele está costurando apoio no Congresso com Robertto Jefferson, cacique do PTB que já foi preso por corrupção, e Valdemar Costa Neto, uma das estrelas do petrolão.
Como diz um integrante do alto escalão do Planalto, Bolsonaro “está saindo da casinha”. Para essa fonte, o presidente pode se dar muito mal, mesmo que venha a construir uma ponte com os corruptos do Centrão.
Brasília, 15h13min